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Redação O Sul
| 15 de maio de 2020
O Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) afirmou, nessa sexta-feira (15), que está preocupado com a instabilidade no Ministério da Saúde. O comunicado foi divulgado após a exoneração do ministro Nelson Teich, que ficou menos de um mês no cargo.
O texto declara que “não é o momento de jogar mais dúvidas neste cenário, que tem infligido tanta dor, sofrimento e morte aos brasileiros”.
“A instabilidade e a falta de ações coordenadas e claras são inimigas da saúde e da vida”, diz o comunicado.
O órgão reforça a gravidade da situação – até esta sexta-feira, o Brasil já registrava mais de 14 mil mortes causadas pela covid-19. “Estamos diante da maior calamidade na saúde pública, com o maior número de mortos de nossa história recente.”
Exoneração de Teich
Em nota, o Ministério da Saúde informou que Nelson Teich pediu para deixar o cargo. Assessores da pasta, no entanto, disseram que ele foi demitido.
Teich tomou posse em 17 de abril, menos de um mês após substituir Luiz Henrique Mandetta. Assim como seu antecessor, também apresentou discordâncias em relação às medidas de combate ao coronavírus defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro.
Nos últimos dias, o presidente e Teich tiveram desentendimentos sobre:
- o uso da cloroquina no tratamento da covid-19 (doença causada pelo vírus) – Bolsonaro quer alterar o protocolo do SUS (Sistema Único de Saúde) e permitir a aplicação do remédio desde o início do tratamento;
- o decreto de Bolsonaro que ampliou as atividades essenciais no período da pandemia e incluiu salões de beleza, barbearia e academias de ginástica;
- detalhes do plano com diretrizes para a saída do isolamento. O presidente defende uma flexibilização mais imediata e ampla.
Teich foi ao Palácio do Planalto na manhã dessa sexta para uma reunião com Bolsonaro. Em seguida, ele voltou para o prédio do Ministério da Saúde. A demissão foi anunciada logo depois.
Em pronunciamento no Ministério da Saúde, que “escolheu” deixar a pasta. Ele fez a afirmação durante um rápido pronunciamento no auditório do ministério ao lado do secretário-executivo, general Eduardo Pazuello, e de técnicos da pasta. “A vida é feita de escolhas. E eu hoje escolhi sair”, afirmou o ex-ministro.
O ex-ministro não explicou o motivo que o levou a tomar a decisão. Em entrevista no Palácio do Planalto após a fala de Teich, o ministro Braga Neto (Casa Civil) disse que ele saiu por “questão de foro íntimo”.
Teich disse que não aceitou o convite para ser ministro em razão do cargo. “Eu aceitei porque achava que poderia ajudar o Brasil e ajudar as pessoas”, afirmou.
É a 11ª mudança em ministérios em pouco mais de 14 meses de governo.
Ao deixar o auditório do Ministério da Saúde logo após após o pronunciamento, sem dar entrevista, o ex-ministro foi questionado se o motivo da saída era a insistência do presidente Jair Bolsonaro em relação ao uso da cloroquina como medicamento a ser adotado logo no início dos sintomas da covid-19, doença provocada pelo coronavírus. Teich não respondeu.
Em sua fala, o ex-ministro agradeceu ao presidente Jair Bolsonaro pela oportunidade de ter comandado o ministério e elogiou a dedicação da equipe que trabalhou com ele.
Ele disse que deixou pronto para governadores e secretários estaduais um plano de combate ao coronavírus. Segundo o ministro, um programa de testagem também está pronto para ser aplicado.