Sexta-feira, 24 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de agosto de 2019
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, afirmou que o diretor-geral da PF (Polícia Federal), Mauricio Valeixo, permanece no cargo e tem a sua confiança.
Questionado se há chance de Valeixo deixar a função, o ministro respondeu: “Veja, como eu tenho as várias funções aqui do Ministério da Justiça, as coisas eventualmente podem mudar, mas ele está no cargo, permanece no cargo, tem a minha confiança”.
Moro permanecia calado desde que o presidente Jair Bolsonaro mudou o seu discurso e retirou a “carta branca” prometida a ele como ministro da Justiça. A recente interferência na Polícia Federal é apontada internamente como a mais emblemática da falta de poder do ex-juiz no cargo atual, mas episódios com teor semelhante se acumularam ao longo de mais de oito meses do governo Bolsonaro.
A PF é subordinada a Moro, também enfraquecido em meio à divulgação de mensagens que mostram a sua suposta atuação em parceria com os procuradores em diferentes processos da Operação Lava-Jato e que colocaram em xeque a sua atuação como juiz federal.
Moro ainda tem sofrido seguidas derrotas no Congresso Nacional, onde tramita o pacote de medidas anticrime encaminhado por ele no início do governo.
Em entrevista, o ministro ainda foi questionado se permaneceria no cargo no caso da saída de Valeixo. “Não tenho essa questão. Não sou o chefe da Polícia Federal de forma nenhuma. A única pessoa que eu indiquei foi o diretor da Polícia Federal”, declarou Moro.
Quando confirmou o convite a Moro para comandar o Ministério da Justiça e Segurança Pública, em novembro de 2018, Bolsonaro disse em entrevistas que tinha combinado com o ex-juiz federal que ele teria “liberdade total” para o combate à corrupção e ao crime organizado. Em uma das manifestações, o então presidente eleito citou a escolha do chefe da Polícia Federal como uma das atribuições do ministro da Justiça.
Os últimos dias foram de crise entre Bolsonaro, Moro e a PF, após o presidente atropelar a instituição e anunciar a troca do superintendente no Rio de Janeiro.
Em declaração sobre o assunto na semana passada, o presidente da República ameaçou até trocar o comando do órgão, hoje a cargo de Valeixo, que virou chefe da PF por escolha de Moro. Os dois se conhecem há vários anos e trabalharam juntos na Operação Lava-Jato. “Quem manda sou eu”, disse Bolsonaro.