Ícone do site Jornal O Sul

Após ameaça de Trump, presidente do México diz que o Canal do Panamá é dos panamenhos

Trump publicou uma imagem no Truth Social de uma bandeira americana sobre uma estreita via navegável, com o comentário: “Bem-vindo ao Canal dos Estados Unidos!”. (Foto: Reprodução)

A presidente mexicana Claudia Sheinbaum expressou apoio ao governo do Panamá na segunda-feira (23), depois de o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, ameaçar, no domingo (22), retomar o controle do Canal do Panamá. “De fato, o Canal do Panamá pertence aos panamenhos”, disse Sheinbaum, falando durante sua coletiva de imprensa matinal.

Os comentários de Sheinbaum ocorreram um dia depois de Trump acusar o Panamá de cobrar tarifas excessivas para usar o canal enquanto falava para uma multidão de apoiadores no Arizona. Após o evento, ele postou uma imagem no Truth Social de uma bandeira americana sobre uma estreita via navegável, com o comentário: “Bem-vindo ao Canal dos Estados Unidos!”.

O presidente panamenho José Raul Mulino rapidamente denunciou os comentários de Trump. “Cada metro quadrado do Canal do Panamá e da área ao redor pertence ao Panamá e continuará pertencendo (ao Panamá)”, disse Mulino em um comunicado publicado no X.

Protesto

Uma centena de manifestantes se reuniu, na terça-feira (24), em frente à embaixada dos Estados Unidos no Panamá para repudiar a ameaça de Donald Trump de retomar o Canal do Panamá caso o preço dos pedágios para os navios americanos não seja reduzido.

“Trump, seu animal, deixe o canal”, gritavam os manifestantes, que queimaram um retrato do republicano e da embaixadora dos EUA no Panamá, Mari Carmen Aponte.

“Quem vende o canal, vende sua mãe”, “fora gringo invasor” e “um território, uma bandeira” foram outros slogans entoados pelos manifestantes nos atos organizados pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e outros grupos de esquerda.

Eles também carregavam faixas com os dizeres “Donald Trump, inimigo público do Panamá”.

O Canal do Panamá, construído pelos Estados Unidos e inaugurado em 1914, passou para as mãos do país centro-americano em 31 de dezembro de 1999, de acordo com os tratados assinados em 1977 pelo então presidente dos EUA Jimmy Carter e pelo líder nacionalista panamenho Omar Torrijos.

“O Panamá é um território soberano, há um canal aqui e ele é panamenho. Donald Trump e seu delírio imperial não podem reivindicar um único centímetro de terra no Panamá”, declarou o líder do sindicato da construção, Saúl Méndez.

O protesto ocorreu sem incidentes em frente à embaixada, protegida por cerca de 20 policiais.

Os manifestantes usaram um caminhão com amplificadores de som para transmitir seus slogans para a embaixada, localizada em Clayton, o antigo local de uma base militar dos EUA nos arredores da Cidade do Panamá.

“O povo (panamenho) mostrou que é capaz de recuperar seu território e não abriremos mão dele novamente”, disse o manifestante Jorge Guzmán à AFP.

Trump ameaçou no sábado retomar o controle do canal, que liga os oceanos Atlântico e Pacífico, se os pedágios para os navios dos EUA não forem reduzidos.

A tarifa paga pelos navios é determinada por sua capacidade e pelo tipo de carga que transportam, e não pelo país de origem.

Além disso, Trump acusou a China de estar por trás das operações dessa passagem, que é administrada pela Autoridade do Canal do Panamá, um órgão público e autônomo.

Se o Panamá não puder garantir uma “operação segura, eficiente e confiável” do canal, “então exigiremos que o Canal do Panamá nos seja devolvido por completo e sem questionamentos”, disse Trump. As informações são da CNN e da agência de notícias AFP.

Sair da versão mobile