A conversa do ex-presidente Jair Bolsonaro com o bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), será remarcada. Previsto para ocorrer na noite do último sábado (13), o bate-papo entre os dois teve mudança de planos após o Irã bombardear Israel. A assessoria do ex-presidente divulgou uma nota informando a suspensão.
A entrevista estava programada para ser transmitida pela Bolsonaro TV – canal vinculado ao ex-presidente e presente nas principais redes sociais. O político do PL emitiu uma nota anunciando a suspensão do evento e lembrou que estaria em Israel se o seu passaporte não tivesse sido apreendido pela Polícia Federal em decorrência da operação que investiga suposta tentativa de golpe para que Luiz Inácio Lula da Silva fosse impedido de assumir a Presidência.
“Caso meu passaporte tivesse sido liberado, como programado, hoje eu estaria em Israel”, destacou Bolsonaro, em seu comunicado. A conversa de Bolsonaro com Elon Musk é muito aguardada pela direita brasileira, que considera o bilionário um “herói da liberdade de expressão”.
O dono do X tem feito seguidas críticas aos Poderes Executivo e Judiciário do Brasil, sobretudo ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal e suas ações relacionadas ao X, especialmente em relação às suspensões de contas de influenciadores de direita. O empresário acusa Moraes de censura por determinar a desativação de perfis que disseminam notícias falsas.
Elon Musk tem sido defendido por parlamentares de direita após criticar o ministro Alexandre de Moraes. O sul-africano naturalizado americano chegou a chamar o magistrado de “ditador” que “tem Lula na coleira”. Isso culminou na inclusão de Musk em inquéritos que investigam milícias digitais.
No último fim de semana, Elon Musk fez críticas ao ministro e ameaçou descumprir decisões do STF, reativando perfis que haviam sido suspensos por medidas da Suprema Corte. Ele também chamou o magistrado de “ditador brutal”.
Desafio à Constituição
Em nota, a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), uma associação civil sem fins lucrativos, criada em maio de 2018, afirmou que a atitude do bilionário representa um grave desafio à ordem constitucional e à independência do Poder Judiciário, além de configurar ingerência estrangeira nos assuntos internos do Brasil.
“Em um contexto em que a disseminação de informações é um elemento essencial para o funcionamento saudável da democracia, é imperativo que a circulação dessas informações seja regida por princípios democráticos e éticos”, diz a entidade.
A coordenadora da Executiva Nacional da ABJD, Tereza Mansi, relembrou que os perfis já estavam suspensos há algum tempo e que a plataforma do Musk tem participado dos grupos de trabalho no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para encontrar formas de combater a desinformação que coloque em risco a integridade do processo eleitoral brasileiro. As informações são da Agência Brasil e da JPNews.