Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 31 de março de 2024
Em meio a questionamentos sobre seu estado de saúde, o papa Francisco presidiu as celebrações do Domingo de Páscoa, diante de uma plateia com cerca de 30 mil fiéis reunidos na Praça São Pedro do Vaticano. O pontífice de 87 anos havia cancelado de última hora sua presença no rito da Via Sacra, sexta-feira (29), a fim de se resguardar para as exigências do fim de semana.
A homilia, que marca a data mais importante da Igreja Católica, começou às 10h (5h no horário de Brasília). O líder católico chegou ao local a bordo de uma cadeira-de-rodas e, após o culto, saudou a multidão de fiéis a bordo do papamóvel.
Na homilia, transmitida ao vivo para vários países, ele renovou o pedido por um cessar-fogo na Faixa de Gaza: “Peço de novo que o acesso de ajuda humanitária em Gaza seja garantido e exorto, de novo, a libertação rápida dos reféns sequestrados em 7 de outubro”.
Na noite de sábado (30), Francisco participou da vigília pascal durante mais de duas horas e discursou sem dificuldades. Ele se manifestou contra as “pedras da morte”, “os muros do egoísmo e da indiferença” e “todas as aspirações de paz destruídas pela crueldade do ódio e pela ferocidade da guerra”.
Saúde em dúvida
No calendário católico de Páscoa, a Via Sacra (no Coliseu de Roma) é uma procissão que reconstitui a morte de Jesu. Fiéis caminham dentro e ao redor da antiga arena romana, parando para orar e ouvir meditações.
A participação cancelada do Papa na sexta-feira (instantes antes do início da cerimônia, forçando os organizadores a remover às pressas a cadeira papal) e uma nota concisa do Vaticano reacenderam indagações sobre o estado de saúde do religioso de origem argentina e que comanda a Igreja desde 2013.
Pilar central do calendário católico, a Semana Santa, que envolve várias celebrações que culminam na Páscoa, representa uma maratona para ele. Francisco tem aparentado cansaço e já foi forçado, em determinadas ocasiões, a delegar a terceiros a leitura de seus discursos, sob alegação de bronquite.
No final de fevereiro, ele foi submetido a exames em um hospital de Roma. Neste mês, ele também abandonou a leitura de sua homilia no Domingo de Ramos, sem explicações.
Apesar de uma grande operação no abdômen em 2023, Francisco, que nunca tira férias, continua a trabalhar em um ritmo frenético no Vaticano, onde pode receber até uma dúzia de interlocutores em uma única manhã. Mas ele não viaja desde sua visita a Marselha (França), em setembro, e cancelou sua viagem a Dubai (Emirados Árabes) para a COP28, em dezembro, devido à bronquite.
No domingo, o Ministério de Assuntos Religiosos da Indonésia anunciou que ele visitaria o país de maioria muçulmana em 3 de setembro, em uma viagem que será combinada com Papua Nova Guiné e Timor Leste. O Vaticano, entretanto, ainda não confirmou oficialmente a agenda.
Francisco sempre deixou “a porta aberta” para uma possível renúncia, seguindo os passos de seu antecessor, Bento 16. Mas sua recente autobiografia, publicada em março, reitera a tese de que ele não tem “motivo sério” para abdicar e que essa é uma “hipótese remota”, somente justificável no caso de “impedimento físico grave”.