Após um hiato de duas décadas, a Rússia relançou a produção da marca de automóveis Moskvich. A fabricação foi retomada na antiga fábrica da montadora francesa Renault, perto de Moscou, que saiu do país em protesto à invasão da Ucrânia.
A fabricante de caminhões Kamaz disse que os primeiros carros estarão à venda no mês que vem. No comunicado à imprensa, a empresa disse que espera construir uma base de fornecedores russos ao longo do tempo, mas a produção deve permanecer limitada.
A saída da Renault da Rússia fez parte de uma decisão mais ampla de empresas ocidentais. McDonald’s e Starbucks estavam entre os outros grandes nomes a debandar do país após a invasão.
As sanções ocidentais, implementadas para isolar a Rússia e puni-la pela guerra, limitaram o acesso a peças de fabricação estrangeira. A Kamaz, que assinou um acordo para ser o parceiro tecnológico da fábrica em julho, e o governo estão trabalhando com a montadora chinesa JAC, segundo a agência de notícias Reuters, citando fontes anônimas.
A meta final do governo de produzir 100 mil veículos Moskvich por ano, alguns dos quais serão elétricos, está muito abaixo da média da indústria, de 200 mil a 300 mil carros por ano. A Tesla, por exemplo, fabrica 22 mil automóveis por semana em sua fábrica em Xangai, na China.
Com apenas 600 veículos previstos para este ano, é improvável que o novo carro altere as perspectivas sombrias para a indústria em geral, cujas vendas anuais podem terminar o ano abaixo de 1 milhão pela primeira vez na história moderna da Rússia.
Propaganda LGBT
O parlamento da Rússia aprovou nesta quinta-feira (24) a terceira e última leitura de uma lei que amplia a proibição existente de promover “propaganda LGBT” para crianças – com a aprovação, a proibição é direcionada para todas as idades.
Sob a lei ampliada, qualquer evento ou ato considerado uma tentativa de promover a homossexualidade, incluindo online, em filmes, livros, publicidade ou em público, pode incorrer em uma multa pesada.
A multa será de até 400.000 rublos (US$ 6.600) para pessoas físicas e de até 5 milhões de rublos (US$ 82.100) para pessoas jurídicas.
Os estrangeiros podem enfrentar 15 dias de prisão e posterior expulsão do país.
Os críticos veem a medida como uma tentativa de intimidar e oprimir ainda mais as minorias sexuais na Rússia, onde as autoridades já usaram as leis existentes para interromper as marchas do orgulho gay e deter ativistas dos direitos dos homossexuais.
Os legisladores dizem que estão defendendo a moralidade diante do que consideram valores decadentes “não-russos” promovidos pelo Ocidente.
Mas grupos de direitos humanos dizem que as medidas visam proibir a representação de minorias como lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBTQIA+) na vida pública.
“Hoje, o LGBT é um elemento da guerra híbrida e nessa guerra híbrida devemos proteger nossos valores, nossa sociedade e nossos filhos”, disse Alexander Khinstein, um dos autores do projeto de lei, no mês passado.
A LGBT Network, que oferece assistência jurídica, chamou a legislação de uma tentativa “absurda” de humilhar e discriminar a comunidade LGBT.
O TikTok, aplicativo de compartilhamento de vídeos, foi multado em 3 milhões de rublos no mês passado por promover “vídeos com temas LGBT”, enquanto o regulador de mídia da Rússia pediu às editoras que retirassem de venda todos os livros que continham a suposta “propaganda LGBT”.
O projeto de lei precisa ser revisado pela câmara alta do parlamento e assinado pelo presidente Vladimir Putin antes de entrar em vigor.