Domingo, 19 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de março de 2021
Nova mudança de rumo no calendário de vacinação na Europa. Dinamarca, Noruega e Islândia decidiram suspender a aplicação da vacina da AstraZeneca, tutelada no Brasil pela Fiocruz, até que a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) esclareça se a administração do imunizante está relacionada a vários casos de coágulos sanguíneos em pacientes que a receberam em diferentes países da União europeia (UE).
Copenhague anunciou que a vacinação será interrompida pelos próximos 14 dias, enquanto Oslo deixou o horizonte aberto até que haja “mais informações”, de acordo com um porta-voz da Agência de Saúde Pública do país.
A Finlândia continua, por ora, com as imunizações, embora acompanhe de perto as decisões de seus vizinhos nórdicos. Seis outros países, Áustria, Letônia, Estônia, Lituânia, Luxemburgo e, o último, a Itália, anunciaram nos últimos dias a suspensão de um lote específico da vacina, também distribuída na Espanha, por sua possível relação com casos de trombose.
Por enquanto, a EMA recomenda manter a aplicação da vacina da AstraZeneca enquanto investiga os casos de trombose. “A posição do comitê de segurança da EMA é que os benefícios da vacina continuam superando os riscos e pode continuar a ser administrada enquanto os casos de eventos tromboembólicos estão sendo investigados”, afirma a agência em nota, na qual assinala que até o dia 10 de março foram registrados 30 desses eventos em cinco milhões de vacinados, número não superior ao que costuma ocorrer na população em geral.
A nota da EMA surge após o anúncio no Twitter do ministro da Saúde dinamarquês, Magnus Heunicke, de que seu país estava cancelando as vacinações com as doses da empresa anglo-sueca.
“Como medida de precaução, as autoridades de saúde suspenderam a vacinação com o [imunizante] da AstraZeneca após o sinal de um possível efeito colateral grave na forma de coágulos sanguíneos letais. Atualmente não é possível concluir se existe uma conexão [com a vacina]. Agimos de imediato, tem que ser investigado a fundo”, anunciou Heunicke.
Horas depois, a vizinha Noruega também suspendia a vacinação com o fármaco da AstraZeneca, citando os mesmos motivos de precaução. “Decidimos suspendê-la até termos mais informações”, confirmou por e-mail um porta-voz do Instituto Norueguês para a Saúde Pública (FHI), que acrescentou que a decisão se baseia no que aconteceu esta manhã na Dinamarca. A Islândia foi o terceiro país a interromper a vacinação com esse imunizante.
A drástica decisão de Copenhague responde a uma atitude preventiva em relação à morte de um cidadão dinamarquês em razão de um coágulo sanguíneo, após ter recebido uma dose da fórmula da Oxford-AstraZeneca.
Uma porta-voz da Agência de Saúde dinamarquesa insistiu que “não se pode relacionar essa morte à vacina da AstraZeneca”, mas que, como medida de precaução, o país decidiu “suspender” as vacinas durante o próximo 14 dias para iniciar uma investigação sobre o ocorrido.
No momento, nem a idade nem o sexo da pessoa em questão foram divulgados, nem quantos dias se passaram desde a punção até o seu falecimento. No total, 142.102 pessoas foram vacinadas na Dinamarca com a dose de AstraZeneca. Na Noruega, 121.820 pessoas receberam este medicamento, que está suspenso “até novo aviso”, de acordo com um comunicado. A Islândia imunizou 9 mil pessoas com esta vacina, de acordo com a emissora pública RUV.
Órólfur Guonason, epidemiologista estatal islandês, estima que a suspensão no país não deve durar mais do que alguns dias.
Geir Bukholm, o epidemiologista do Estado norueguês, insistiu que a suspensão da vacinação “não significa que não se recomende o imunizante da AstraZeneca no futuro”.
No entanto, apesar de as autoridades norueguesas acreditarem que o medicamento tem “boa documentação” ― em referência aos dados das análises prévias — e das mensagens pedindo calma à população nas suas coletivas de imprensa, o comunicado norueguês revela que “foram notificados alguns casos de coágulos sanguíneos logo após a vacinação”, o que ocorreu “principalmente em idosos”.