Sexta-feira, 29 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 24 de julho de 2024
Além do Brasil, Maduro também criticou os processos de apuração eleitoral dos Estados Unidos e da Colômbia.
Foto: Antônio Cruz/Agência BrasilO Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu nesta quarta-feira (24) não enviar observadores para acompanhar a eleição presidencial da Venezuela, marcada para o domingo (28).
A decisão foi tomada em razão de acusações que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, fez contra o sistema eleitoral brasileiro. Maduro é candidato à reeleição.
“Em face de falsas declarações contra as urnas eletrônicas brasileiras, que, ao contrário do que afirmado por autoridades venezuelanas, são auditáveis e seguras, o Tribunal Superior Eleitoral não enviará técnicos para atender convite feito pela Comissão Nacional Eleitoral daquele país para acompanhar o pleito do próximo domingo”, afirmou o TSE em nota.
Maduro afirmou, sem provas, que os resultados das urnas eletrônicas do Brasil não são auditados.
“No Brasil, nem um único boletim de urna é auditado”, disse Maduro a uma multidão no evento político.
“Temos o melhor sistema eleitoral do mundo, temos 16 auditorias”, disse o presidente, argumentando que seu país realiza, ainda, uma auditoria em tempo real de 54% das urnas. “Em que outra parte do mundo se faz isso?”
Além do Brasil, Maduro também criticou os processos de apuração eleitoral dos Estados Unidos e da Colômbia, onde, de acordo com ele, os votos também não são auditados. A íntegra do comício foi publicada pelo presidente em sua conta oficial no X. A crítica acontece após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizer que Maduro precisa respeitar o processo democrático e o resultado das eleições da Venezuela.
O TSE havia decidido na semana passada enviar os observadores. Agora, cancelou a medida. Maduro, sucessor político do ex-presidente Hugo Chávez, ganhou duas eleições na Venezuela. Uma, em 2013, após a morte de Chávez. A outra, em 2019. Ambas, de acordo com o oposição local e com entidades internacionais, tiveram problemas de transparência e de respeito a princípios democráticos.
O pleito deste ano está sob suspeita de que vai repetir os problemas dos anteriores. Maduro, que controla a comissão eleitoral, impediu duas rivais de participar, sob argumentos obscuros. Além disso, oposicionistas denunciam intimidações durante a campanha e manipulação na mídia.
Na semana passada, o chefe venezuelano fez uma ameaça. Disse que, se não ganhar a eleição, haverá um “banho de sangue” no país. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, no ano passado, buscou reintegrar Maduro ao continente, afirmou que ficou “assustado” com a declaração sobre o “banho de sangue”.
Em resposta, Maduro disse, sem citar o nome de Lula, que quem estiver assustado “deve tomar chá de camomila”. A reação chama atenção, já que ele costumava ser aliado de Lula. Depois, ele atacou o sistema eleitoral brasileiro. O TSE reforçou a total segurança das urnas e relembrou que são auditadas.
“São auditáveis e auditadas permanentemente, são seguras, como se mostra historicamente. Nunca se conseguiu demonstrar qualquer equívoco ou instabilidade em seu funcionamento. Na democracia brasileira, o voto do eleitor é livre e garantido democraticamente por um processo transparente, de lisura e excelência comprovada, o que assegura a confiança do brasileiro no sistema adotado”, afirmou o TSE.
Além disso, a comunidade internacional, incluindo organizações como a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a União Europeia (UE), tem reiteradamente elogiado o sistema eleitoral brasileiro pela sua robustez e confiabilidade, contrastando com as frequentes críticas ao processo eleitoral venezuelano, que tem sido acusado de falta de transparência e de práticas antidemocráticas.