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Política Após indiciamento de Bolsonaro, Lula pede discrição, e oposição infla PEC do Aborto; veja estratégias

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Não interessa ao presidente um acirramento da polarização política.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Não interessa ao presidente um acirramento da polarização política.(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas — dentre elas ex-ministros de sua gestão — por tentativa de golpe de Estado gerou reações distintas no governo e na oposição. Do lado do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem pedido discrição de seus aliados sobre o caso. Lula não quer politizar o que, para ele, tem que ser um assunto da Justiça. Não interessa ao presidente um acirramento da polarização política.

Do lado dos bolsonaristas, eles viram sua principal ambição no Congresso, o projeto de lei (PL) da Anistia — para perdoar condenados pelos atos golpistas e, eventualmente, beneficiar Bolsonaro — perder força. Com isso, optaram por criar um fato novo insuflando a proposta de emenda à Constituição (PEC) do Aborto, um tema caro à direita conservadora.

Aprovada na última semana na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara por 35 votos a 15, a proposta prevê a inclusão, no trecho da Constituição que fala sobre a proteção à vida, da expressão “desde a concepção”. Isso, de acordo com a interpretação dos defensores do proposta, proibiria o aborto em qualquer circunstância, mesmo nos casos previstos em lei, como gravidez decorrente de estupro ou risco à vida da mãe.

Nos bastidores, a movimentação é vista como uma tentativa de desviar o foco da crise que cerca Bolsonaro e seus aliados mais próximos. Porém, a reativação da PEC do Aborto gerou desconforto em outros setores do Congresso e na sociedade. Ativistas denunciaram o retrocesso que a proposta representa.

Lula orientou ministros e aliados a manterem moderação nas declarações sobre o relatório da Polícia Federal (PF), que acusa Bolsonaro de liderar e planejar atos golpistas. A decisão reflete uma preocupação em não dar munição aos adversários políticos, que poderiam explorar o episódio como “perseguição política”.

A estratégia busca restringir o debate à esfera judicial, evitando que o tema ganhe mais força no campo político e inflame o País. Embora Lula não esteja impedindo ministros de comentar os indiciamentos, o presidente tem recomendado “sobriedade” nas declarações. De fato, integrantes do governo fizeram comentários mais comedidos sobre as conclusões da Polícia Federal, na comparação com outras vezes em que Bolsonaro foi alvo de investigações.

Apesar de alguns nomes do PL terem ido às redes sociais afirmar que os indiciamentos são apenas narrativas e que não há provas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro na trama golpista, nos grupos de WhatsApp de políticos do partido quase ninguém tem comentado o relatório final da PF. Além do ex-presidente, outros políticos do PL, como o ex-ministro Braga Netto e o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, foram indiciados.

Aliados de Valdemar Costa Neto entendem que Bolsonaro também deveria adotar o silêncio sobre o caso e consideram um “erro” uma entrevista concedida pelo ex-presidente na véspera da divulgação do relatório final da investigação. As informações são do portal de notícias G1.

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