Terça-feira, 18 de março de 2025
Por Redação O Sul | 18 de março de 2025
O veículo aterrissou no mar da Flórida às 18h58 (horário de Brasília).
Foto: NasaDepois de muita expectativa, os astronautas “presos” no espaço Suni Williams e Butch Wilmore finalmente retornaram à Terra. A nave espacial com os astronautas do voo-teste da Starliner e da missão “Crew-9” pousou no Oceano Atlântico na noite dessa terça-feira (18). O veículo aterrissou em trecho do mar próximo à região de Talahasse, Litoral da Flórida, nos Estados Unidos, às 18h58min (horário de Brasília).
A missão que deveria durar apenas oito dias se estendeu por impressionantes nove meses, totalizando 286 dias na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) devido a problemas técnicos na cápsula Starliner, da Boeing, que originalmente deveria tê-los trazido de volta em junho de 2024.
Apesar do longo período no espaço, essa não foi a permanência mais longa já registrada. As missões da ISS duram, em média, seis meses, mas o astronauta Frank Rubio detém o recorde da Nasa com 371 dias seguidos em órbita.
Antes disso, o cosmonauta Valeri Polyakov passou 437 dias na estação russa Mir entre 1994 e 1995, estabelecendo o recorde mundial considerando missões da Nasa e da Roscosmos, a agência espacial russa.
Com o retorno da Starliner adiado indefinidamente, a solução encontrada foi embarcar Williams e Wilmore na cápsula Dragon Freedom, da SpaceX, que desacoplou da ISS na madrugada desta terça-feira.
A bordo também estavam os astronautas Nick Hague e o cosmonauta russo Aleksandr Gorbunov, integrantes da missão Crew-9.
O trajeto de volta incluiu várias fases críticas: o desacoplamento da estação, uma série de manobras orbitais para posicionar a cápsula corretamente, a queima de reentrada que desacelerou a nave, e finalmente a descida controlada até o oceano usando paraquedas.
Todo o processo de retorno durou aproximadamente 17 horas, desde o fechamento da escotilha até a amerissagem nas águas da costa da Flórida.
Com a missão, Williams, engenheira e ex-oficial da Marinha dos EUA, acumulou 322 dias no espaço e detém o recorde feminino de nove caminhadas espaciais. Já Wilmore, piloto e engenheiro elétrico, possui mais de 8 mil horas de voo e já participou de duas missões espaciais.
Durante a longa espera, ambos seguiram trabalhando na ISS, auxiliando em pesquisas científicas e tarefas de manutenção.
Quais são os riscos de ficar tanto tempo no espaço?
Sem a força gravitacional da Terra, o corpo humano passa por mudanças significativas. Uma das alterações mais evidentes ocorre nos nossos ossos e músculos.
Em um ambiente de microgravidade (uma gravidade muito fraca, onde pessoas e objetos parecem flutuar, como no espaço), os ossos perdem cerca de 1,5% de sua densidade a cada mês, ou seja, ficam mais frágeis e suscetíveis a fraturas.
Isso acontece porque, sem o peso constante do corpo pressionando contra o solo, o organismo “entende” que não precisa manter estruturas ósseas tão resistentes.
Fora isso, os músculos também sofrem uma deterioração acelerada no espaço. Sem o esforço constante contra a gravidade, eles tendem a atrofiar rapidamente.
Justamente por causa disso, os astronautas seguem rotinas rigorosas de exercícios durante toda missão, com treinamentos aeróbicos e de resistência para minimizar essas perdas.
Segundo a Nasa, os astronautas devem se exercitar por aproximadamente 2,5 horas por dia quando estão no espaço para reduzir os efeitos da gravidade zero em seus ossos e músculos.
Para isso, a agência desenvolveu máquinas especializadas para que os astronautas façam seus treinos diários. Um dos exercícios tradicionais é corrida em esteira – cerca de uma hora do regime de exercícios é gasta no equipamento.
Mas além da esteira, os astronautas também têm à disposição um sistema de levantamento de peso e uma máquina de ciclismo.