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Após o ministro da Economia admitir flexibilizar o teto de gastos, mercado prevê maior alta dos juros em 2021 e 2022

Taxas cobradas cresceram, em média, 15,8% entre janeiro e novembro. (Foto: Marcello Casal Jr./ABr)

O mercado financeiro passou a prever um aumento maior na taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, em 2021 e 2022. A Selic é definida pelo BC (Banco Central) para tentar conter a inflação.

As previsões do mercado constam no relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira (25) pelo Banco Central.  A alta maior nos juros estimada pelos economistas dos bancos acontece após o ministro da Economia, Paulo Guedes, ter proposto na semana passada flexibilizar o teto de gastos (mecanismo que limite o aumento da maior parte das despesas à inflação do ano anterior).

Guedes tem dito que as mudanças no teto de gastos tem por objetivo ampliar a proteção social, por meio do Auxílio Brasil, mas analistas têm apontado que seria possível incrementar o programa sem estourar o limite para despesas. E apontam que as emendas parlamentares seriam um dos destinos dos recursos extras.

Nesta semana, o Copom (Comitê de Política Monetária) se reúne para debater a Selic. De acordo com o mercado financeiro, a taxa básica da economia deve subir dos atuais 6,25% para 7,5% ao ano – uma alta de 1,25 ponto percentual. Até então, o mercado acreditava em um crescimento menor, de 1 ponto percentual nesta semana.

O mercado financeiro também elevou de 8,25% para 8,75% ao ano a previsão para a Selic no fim de 2021. E, para o fim de 2022, os economistas do mercado financeiro subiram a expectativa para a taxa Selic de 8,75% para 9,5% ao ano, o que pressupõe alta do juro básico da economia também no próximo ano.

Em março, na primeira elevação em quase seis anos, a taxa básica da economia foi aumentada pelo BC para 2,75% ao ano. Em maio, o Copom elevou o juro para 3,5% ao ano e, em junho, a taxa avançou ara 4,25% ao ano. Em agosto, a taxa subiu para 5,25% ao ano e, na semana passada, foi elevada para 6,25% ao ano.

Inflação e PIB

Além de uma alta maior na taxa de juros, o mercado financeiro também elevou a estimativa para a inflação oficial do País para quase 9% neste ano, ao mesmo tempo em que baixou a previsão de alta do PIB (Produto Interno Bruto) para 4,97%.

Para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a expectativa do mercado para este ano subiu de 8,69% para 8,96%. Foi a vigésima nona semana de aumento. O centro da meta de inflação, em 2020, é de 3,75%. Pelo sistema vigente no país, será considerada cumprida se ficar entre 2,25% e 5,25%. Com isso, a projeção do mercado já está acima do dobro da meta central de inflação (7,5%).

A meta de inflação é fixada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia. Em 2020, pressionado pelos preços dos alimentos, o IPCA ficou em 4,52%, acima do centro da meta para o ano, que era de 4%, mas dentro do intervalo de tolerância. Foi a maior inflação anual desde 2016.

Para 2022, o mercado financeiro subiu de 4,18% para 4,40% a estimativa de inflação. Foi a décima quarta alta seguida. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,50% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%.

Os economistas do mercado financeiro reduziram a estimativa de crescimento do PIB  de 5,01% para 4,97% em 2021. O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no País e serve para medir a evolução da economia. Para 2022, o mercado baixou a previsão de alta do PIB de 1,50% para 1,40%.

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