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Após ordem do Tribunal de Contas da União, auxiliares de Bolsonaro preparam operação discreta para devolver joias

Tribunal pode apurar dano aos cofres públicos decorrente do abuso de poder político com a realização da reunião com embaixadores. (Foto: Senado Federal)

Assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pretendem montar uma operação discreta nos próximos dias para devolver as joias e as armas enviadas como presente por autoridades árabes, mas que o Tribunal de Contas da União (TCU) mandou entregar para o governo. A Corte de Contas deu cinco dias para que os itens fossem entregues à Presidência.

A pauta da sessão da última quarta-feira (15) que julgou o processo e a minuta do acórdão ainda dependem da assinatura de todos os ministros que participaram do julgamento, explicou o procurador do Ministério Público junto ao Tribunal, Lucas Furtado. Ele é autor da representação que resultou na decisão do TCU.

O plenário deu prazo de cinco dias para que Bolsonaro cumpra a determinação, a partir da notificação. Como o ex-presidente está no exterior, o ofício, com aviso de recebimento, será enviado aos advogados de defesa.

Pela decisão do TCU, as joias e as armas devem ser entregues à Secretaria Geral da Presidência da República. Como o órgão foi reestruturado e algumas funções foram repassadas à Casa Civil, ainda não se sabe quem será o receptor dos bens. As peças devem ser destinadas ao Gabinete Pessoal do presidente para incorporação ao patrimônio da União, conforme decidiu o TCU.

Na quarta, o plenário do TCU mandou o ex-presidente entregar o material — joias e armas dadas ao governo brasileiro, das quais Bolsonaro se apossou. A equipe do ex-presidente aguarda a emissão de um documento — a guia de tráfego do Exército — para encaminhar ao Planalto um fuzil e uma pistola, presentes do governo dos Emirados Árabes.

As armas estão em uma unidade do Comando do Exército, no setor Militar Urbano, bairro de Brasília. Já a caixa de joias com cinco itens (uma caneta, um relógio, um anel, um par de abotoaduras e um rosário) estão guardadas juntos com vários bens de Bolsonaro em um balcão alugado pelo PL, sigla do ex-presidente, em Brasília.

A localização do espaço é mantida em segredo. Ao todo são nove mil itens que ocupam uma área de 200 metros cúbicos.

Ainda segundo personagens com acesso a Bolsonaro, ele avalia a possibilidade de doar boa parte do seu acervo bens ou criar uma fundação.

Além da caixa de joias que está em posse de Bolsonaro, um outro estojo com peças valiosas — ambos conjuntos dados por autoridades sauditas — também deverá ser entregue ao Palácio do Planalto, por terminação do TCU. Esse segundo estojo contém peças de diamantes avaliadas em R$ 16,5 milhões e foi apreendido pela alfândega no aeroporto de Guarulhos em outubro de 2021.

Os dois conjuntos de joias entraram de forma irregular no Brasil, sem serem declarados à Receita Federal, pela comitiva do ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que retornava ao país de uma missão no Oriente Médio.

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