Sexta-feira, 14 de março de 2025
Por Redação O Sul | 24 de maio de 2021
Líderes dos 27 países da UE (União Europeia) decidiram nesta segunda-feira (24) fechar o espaço aéreo do bloco para aeronaves de Belarus como punição pela aterrissagem forçada de um avião civil na noite de domingo (23), informou o Conselho Europeu.
Os dirigentes, que iniciaram uma cúpula presencial em Bruxelas, também concordaram em pedir às companhias aéreas europeias que evitem sobrevoar o espaço aéreo de Belarus. Estas posições constituem parte das conclusões da cúpula, adotada nesta segunda-feira.
Mais cedo, autoridades de aviação europeias orientaram as companhias aéreas que trafegam pela UE a evitar o espaço aéreo de Belarus, depois de o governo de Alexander Lukashenko interceptar um avião da RyanAir que ia da Grécia para a Lituânia para prender um jornalista crítico ao regime.
O governo britânico orientou sua agência de aviação civil a evitar o espaço aéreo de Belarus. Medidas similares foram tomadas por Letônia e Lituânia, dois países vizinhos à ex-república soviética que abrigam dissidentes do regime. A Lufthansa, uma das principais empresas aéreas da Alemanha, suspendeu operações no espaço aéreo belarusso.
A Eurocontrol, a agência de tráfego aéreo da UE, informou que está trabalhando com as companhias aéreas que viajam pelo leste europeu para evitar voar sobre o país.
Roman Protasevich, um jornalista de oposição que teve papel-chave nos protestos do ano passado contra Lukashenko, foi detido pouco depois do pouso em Minsk, com a namorada. A passageiros que estavam no voo, ele disse temer por sua vida antes de ser levado por oficiais do serviço secreto bielorusso.
Quando o avião da Ryanair se aproximava do Aeroporto de Vilna, ainda em espaço aéreo bielorusso, foi orientado a desviar para Minks em virtude de uma suposta ameaça de bomba. A aeronave foi escoltada por caças MIG-29 da Força Aérea. Nada foi encontrado a bordo.
Entre as possíveis sanções, autoridades europeias estudam banir a Belavia, a companhia aérea estatal de Belarus, de trafegar pela UE. A Belavia opera 419 voos para países do bloco por semana, para 21 cidades, desde a Finlândia até o Chipre. A empresa teve sua licença para operar no Reino Unido caçada nesta segunda-feira.
Ao menos três empresas sediadas na União Europeia têm voos diretos para Belarus: a alemã Lufthansa, a polonesa LOT e a airBaltic, da Letônia. Segundo a Eurocontrol, são 14 voos por semana para o país, que não faz parte do bloco. Ao todo, 2,5 mil voos usam o espaço aéreo bielorusso por semana.
Essa frequência aumentou depois do conflito no leste da Ucrânia entre separatistas pró-Rússia e o governo central, que começou em 2014. Desde a derrubada de um voo da Malaysia Airlines que voava da Holanda para a Malásia, o espaço aéreo na região foi fechado e Belarus assumiu boa parte do trajeto dessas aeronaves.
O desvio do avião foi condenado com veemência na Europa. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, chamou-o de indigno e ilegal, a Polônia denunciou um ato de terrorismo de Estado, expressão usada tambem pelo premiê checo, Andrej Babis, e a França pediu uma resposta forte e unida.
Von der Leyen disse que a ação se tratou de um sequestro altamente inaceitável de um avião da Ryanair pelas autoridades belarussas, acrescentando que Lukashenko e seu regime devem entender que haverá graves consequências. A Comissão Europeia convocou o embaixador belarusso e condenou a apreensão do avião.
O CEO da Ryanair, Michel O’Leary classificou o episódio como “pirataria estatal”.
Os Estados Unidos também reagiram e o secretário de Estado americano, Antony Blinken, chamou o episódio de ultrajante e pediu a libertação de Protasevich.
Protasevich foi acusado de terrorismo por seu papel nos protestos contra Lukashenko. Ele pode pegar mais de 12 anos de prisão depois que ele e o criador do Nexta, que expôs a brutalidade da polícia belarussa durante manifestações contra o governo, foram adicionados a uma lista de indivíduos supostamente envolvidos em atividades terroristas. Nexta e seu canal irmão, Nexta Live, têm cerca de 2 milhões de assinantes.
Protasevich disse em seu canal no Telegram no domingo, antes de deixar a Grécia, que sentiu que estava sob vigilância. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e das agências de notícias AP e Reuters.