O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, recebeu, na manhã desta quinta-feira (12), integrantes do sindicato que representa os rodoviários e vereadores para debater os projetos voltados ao transporte público da Capital.
Antes, a categoria realizou uma manifestação em corredores de ônibus da área central da cidade contra a possível privatização da Carris. O protesto, que durou cerca de duas horas, causou transtornos no trânsito. Depois, o grupo se dirigiu ao Paço Municipal e foi chamado para uma reunião pelo próprio prefeito.
No encontro, Melo reiterou a disposição de diálogo da administração municipal, mas reforçou que o atual sistema de transporte faliu em Porto Alegre. “Hoje, os dois maiores desafios dos gestores envolvem o enfrentamento à pandemia e o transporte público. O atual sistema faliu. Mesmo sem dinheiro em caixa, a prefeitura aportou recursos para não parar as linhas de ônibus, mas não há mais condições de manter este modelo. Não irei mais colocar dinheiro na Carris enquanto a população passa fome”, declarou.
Durante a reunião, Melo detalhou os dois projetos que envolvem o transporte coletivo, a desestatização da Carris e a retirada escalonada dos cobradores dos ônibus.
“A crise do atual sistema de transporte tem impacto concreto sobre a operação da companhia de ônibus. Antes da pandemia, a Carris já possuía custos superiores aos suportados pela tarifa. Em 2019, os cofres da prefeitura aportaram R$ 16,6 milhões. No ano passado, o repasse foi de R$ 66 milhões”, informou o Executivo municipal.
Projetos
Em 15 de junho, a prefeitura autorizou a desestatização, por meio de privatização ou extinção, da Companhia Carris Porto-Alegrense. O texto do PLE 013/2021 autoriza o município a alienar ou transferir, total ou parcialmente, a sociedade, os seus ativos, a participação societária, direta ou indireta, inclusive o controle acionário, transformar, fundir, cindir, incorporar, liquidar, dissolver, extinguir ou desativar, parcial ou totalmente a Carris.
Em 7 de julho, a prefeitura protocolou o PLE 016/21 para a extinção gradativa da função de cobrador de ônibus, iniciando pela permissão de viagens sem cobrador, diariamente, entre 22h e 4h. Para oportunizar a inserção dos profissionais em outros mercados, o projeto define a oferta de cursos de qualificação para todos os cobradores e avaliação, pelas empresas, do aproveitamento em outras funções, como motorista e mecânico.
Será uma mudança gradativa ao longo de quatro anos (até 1º de janeiro de 2026), com a não reposição de vaga para cobrador pelas empresas nos casos de rescisão do contrato por iniciativa do trabalhador, despedida por justa causa, aposentadoria, falecimento e interrupção ou suspensão do contrato de trabalho.