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Após quatro anos no comando da Câmara dos Deputados, Arthur Lira fica mais longe de integrar o governo em meio à crise por queda de popularidade de Lula

No começo do mês, ele realizou dois encontros com prefeitos e aliados na sua fazenda de gado nelore, a Santa Maria, em São Sebastião (AL), a 130 quilômetros de Maceió.(Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados)

Após anos sendo voz ativa na Câmara, Arthur Lira (PP-AL) voltou aos bastidores. O gabinete da presidência foi trocado por outro, também espaçoso, e as reuniões com chefes de Poderes deram lugar a encontros com prefeitos que ele pretende atrair para o projeto de candidatura ao Senado no ano que vem. O cálculo eleitoral também provocou efeito sobre um passo mais imediato e o distanciou da Esplanada dos Ministérios. Aliados que defendiam a entrada na gestão petista como forma de seguir em evidência agora veem com menos entusiasmo a possibilidade diante do tombo na popularidade de Lula.

Um convite não chegou a ser feito, mas no governo e no entorno de Lira havia quem defendesse, por exemplo, que ele assumisse o Ministério da Agricultura no lugar de Carlos Fávaro. O movimento esfriou no ritmo do aumento da reprovação a Lula, em patamar recorde dos seus três mandatos — quatro a cada dez brasileiros consideram a gestão ruim ou péssima, segundo o Datafolha. Enquanto isso, Lira se volta para dentro. No começo do mês, ele realizou dois encontros com prefeitos e aliados na sua fazenda de gado nelore, a Santa Maria, em São Sebastião (AL), a 130 quilômetros de Maceió.

Os eventos reuniram políticos do seu partido, o PP, e de outras siglas, inclusive o MDB, de Renan Calheiros, senador e seu adversário. Em Alagoas, há um grupo de aproximadamente 15 prefeitos emedebistas que apoiam o mandato de Lira como deputado federal. Segundo participantes, o deputado prometeu estar mais próximo da sua base neste ano, se comprometeu a visitar municípios, mas não deixou claro para os convidados qual é o plano — nos bastidores, sabe-se que é o Senado. Procurado, Lira não se manifestou.

A dedicação à base eleitoral ao longo de fevereiro, logo após deixar a cadeira de presidente da Câmara, incluiu ainda um evento da Associação dos Municípios de Alagoas, ao lado do prefeito de Maceió, JHC (PL), e a posse do presidente do Tribunal de Justiça do estado, o desembargador Fábio José Bittencourt Araújo.

Segundo aliados, há uma fila de convites para dar palestras e participar de eventos, principalmente na área econômica, em que ele tentou deixar uma marca durante a gestão com a aprovação de projetos como a Reforma Tributária. Após participar na semana passada de um debate promovido pela Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), em Brasília, Lira disse nas redes sociais seguir “trabalhando para fortalecer o ambiente de negócios no país”.

Paralelamente, o deputado foi alçado pelo PP para negociar a possível federação com União Brasil e Republicanos, missão difícil que encontra empecilhos em questões locais.

Ele tem participado de reuniões com o presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PI), a senadora Tereza Cristina (PP-MS) e o deputado Doutor Luizinho (PP-RJ). Nogueira quer Lira mais dedicado ao crescimento do partido e, inclusive, já ofereceu a ele a presidência da federação, que deve ser rotativa entre os demais dirigentes das siglas, caso o plano seja concretizado.

Na rotina da Câmara, Lira não tem participado das reuniões em que seu sucessor, Hugo Motta (Republicanos-PB), debate a pauta com os líderes da Casa, mas marca presença em encontros mais restritos. Participam dessas conversas mais reservadas, além de Motta, nomes como os líderes do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), um dos cotados a assumir o lugar do ministro Alexandre Padilha na articulação política, e do PP, Doutor Luizinho (RJ), aliado de longa data. As informações são do portal O Globo.

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