John Galliano, o famoso estilista demitido pela Dior por um discurso antissemita quando estava embriagado, vem reconstruindo a si mesmo e a grife da Maison Margiela desde que assumiu o controle da marca em outubro, disse o homem que lhe deu o novo emprego.
Renzo Rosso, fundador da Diesel e presidente e principal acionista do grupo OTB, parte do conglomerado ao qual também pertence a Maison Margiela, informou que as vendas da casa já cresceram 20%, embora só algumas das peças de Galliano tenham chegado às prateleiras.
Galliano, considerado um dos estilistas mais talentosos de sua geração, caiu em desgraça em 2011, quando se tornou viral na internet um vídeo que o mostrava alcoolizado em um bar de Paris, afirmando “eu amo Hitler” e dizendo a um casal que seus ancestrais deveriam ter morrido em câmaras de gás. “Sou alcoólico, mas de maneira nenhuma posso usar isso como desculpa. Culpava sempre os outros pelo que me acontecia, mas agora assumo a responsabilidade”, afirmou.
E garantiu que os comentários não representam suas verdadeiras opiniões. Ele passou por um período de reabilitação pública com apoio da Liga Antidifamação, instituição de caridade que combate o antissemitismo. O estilista, de 54 anos, ressurgiu trabalhando para Oscar de la Renta em NY, em 2013, e, no ano passado, Rosso o sondou para comandar a grife fundada por Martin Margiela, um estilista conhecido por ser tão discreto quanto Galliano é extravagante.
“John é um verdadeiro profissional, estou muito feliz de tê-lo”, declarou Rosso à Reuters na sede da empresa, que fica a uma hora de Veneza. “Ele não é um estilista, mas um couturier (costureiro), e tem um grande pensamento piramidal – transforma conceitos de costura em roupas e acessórios ready-to-wear”, acrescentou o empreendedor italiano de 59 anos.
A escolha de Galliano surpreendeu, não somente por causa de seu passado polêmico, mas também pelo contraste entre sua personalidade e a do recluso criador da Maison Margiela.