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Brasil Após reunião com Lula, ministra do Meio Ambiente fala em “guerra contra o fogo” e relata situação atípica de incêndios

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Lula durante visita à Prevfogo, na sede do Ibama, ao lado de Marina Silva, em Brasília. (Foto: Ricardo Stuckert /PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, se reuniram com funcionários do Ibama em Brasília nesse domingo (25) para discutir e anunciar medidas para combater os incêndios no interior de São Paulo e em outros estados. Segundo Marina, a Polícia Federal já abriu 31 inquéritos entre Amazônia e Pantanal, além de dois em São Paulo.

“É uma verdadeira guerra contra o fogo e criminalidade. Tem uma situação atípica. Você começa a ter em uma semana, praticamente em dois dias, vários municípios queimando ao mesmo tempo. Isso não faz parte da nossa curva de experiência nesses anos de trabalho com fogo”, disse Marina.

Ainda em sua declaração, a ministra relembrou o “Dia do Fogo”. Em 10 de agosto de 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro, produtores rurais da Região Norte do País teriam iniciado um movimento conjunto para incendiar áreas da Amazônia. A data foi classificada por ambientalistas como momento-chave na história recente da região.

Dados do período apontam que a partir de 10 de agosto houve um aumento substancial no número de focos de incêndio em diversas cidades da Região Norte, principalmente no estado do Pará. À época, a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou haver indícios de uma “ação orquestrada” para incendiar pontos da floresta.

“Do mesmo jeito que nós tivemos o ‘dia do fogo’, há uma forte suspeita de que agora esteja acontecendo de novo”, analisou a ministra.

A ministra reforçou que Lula criou há mais de dois meses uma sala de situação para monitorar o problema de estiagem e fogo. Também informou a decisão do presidente de participar de reunião na Casa Civil, com mais de 20 ministérios e governadores dos estados atingidos para tratar dos focos de incêndio.

Marina também afirmou que os órgãos públicos estão dividindo os esforços para combater os incêndios e achar os culpados. Além de órgãos ambientais e Polícia Federal, integram os trabalhos ministérios como Casa Civil, Ministério da Defesa e o Ministério da Justiça.

Focos

Na manhã desse domingo, 21 cidades do interior de São Paulo ainda enfrentavam focos ativos de incêndios. O fogo passou a afetar fortemente a população paulista nos últimos dias. Ao todo, 46 municípios são monitorados pelo gabinete de crise liderado pelo governo do estado e estão em alerta máximo para queimadas.

A fumaça resultante dos incêndios no território paulista chegou a invadir Brasília, onde não chove há mais de 120 dias. Segundo o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, a fumaça que encobre a capital se deve ao fogo que devasta parte do Pantanal, da Amazônia e de estados como São Paulo.

Em um balanço divulgado pelos bombeiros, de janeiro a meados deste mês, houve 4.073 ocorrências de incêndios em todo o DF. O número corresponde a um total de 24 a mais que no mesmo período do ano passado e atingiu 8.893 hectares, o correspondente a quase 9 mil campos de futebol.

Intencionais

O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, informou que pediu à Polícia Federal (PF) que investigue os focos de incêndio que assolam parte do País. Segundo ele, quase todas as queimadas, com poucas exceções, são criminosas, inclusive em SP.

“Não temos incêndio espontâneo e são raros os casos de acidente, como um caminhão que pegou fogo, ou uma queda de um cabo de alta tensão. Em São Paulo, há uma desconfiança de que tudo foi organizado, pois os focos aconteceram praticamente no mesmo horário”, afirmou Agostinho.

O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, confirmou que a corporação irá atuar e citou frentes já abertas de investigação.

“É um movimento de fato atípico. São duas investigações em São Paulo que apuram incêndios criminosos que afetam áreas de interesse da União, os aeroportos”, afirmou Rodrigues.

Três homens foram presos acusados de causarem incêndios intencionais no País nesse final de semana: dois em São Paulo e um em Goiás. Os casos são investigados pelas polícias locais.

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