Sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 20 de fevereiro de 2025
O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou na quarta-feira (19), após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que “o mundo está atento ao que se passa no Brasil”. Bolsonaro também criticou o que chamou de “acusações vagas”.
“O mundo está atento ao que se passa no Brasil. O truque de acusar líderes da oposição democrática de tramar golpes não é algo novo”, escreveu o ex-presidente, em publicação em redes sociais.
Bolsonaro citou países governados por partidos de esquerda, como Venezuela, Nicarágua, Cuba e Bolívia, e disse que “a cartilha é conhecida: fabricam acusações vagas, se dizem preocupados com a democracia ou com a soberania, e perseguem opositores, silenciam vozes dissidentes e concentram poder”.
O ex-presidente concluiu o texto dizendo que “o mundo está atento e seguiremos fazendo nossa parte para que todos se saibam o que se passa hoje no Brasil” e que “a liberdade irá triunfar mais uma vez”.
Bolsonaro foi denunciado pela PGR por cinco crimes: tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado. Caso a acusação seja aceita pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e resulte em condenação, as penas somadas podem chegar a 43 anos de prisão.
O ex-presidente e outras 33 pessoas são acusadas de terem participado de uma tentativa de golpe para mantê-lo no poder, após a derrota nas eleições presidenciais de 2022.
Em nota, a defesa de Bolsonaro disse que recebeu a denúncia com “estarrecimento e indignação” e que ele “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”.
Mesmo após a denúncia apresentada pela PGR, ministros do Supremo ainda veem poucas chances de o ex-presidente ter sua prisão preventiva decretada, devido à suposta participação em uma tentativa de golpe de Estado.
Essa avaliação já vinha sendo feita desde o indiciamento de Bolsonaro pela Polícia Federal (PF), em novembro, e segue válida mesmo depois da denúncia formalizada nesta terça-feira (18) pelo procurador-geral, Paulo Gonet.
Uma ala da Corte entende que a prisão do ex-presidente só deve ocorrer se ele for condenado em decisão colegiada. O julgamento deve ocorrer na Primeira Turma ainda este ano. A avaliação é de que a prisão preventiva (ou seja, anterior à definição das penas) poderia conflagrar o cenário político nacional e mobilizar forças extremistas a ponto de gerar uma nova onda de ataques à Corte.
O fato de a PGR já ter oferecido denúncia contra os envolvidos na trama golpista – entre elas, Bolsonaro, apontado como líder da organização – também é citado como um indício de que não haverá pedido de preventiva.