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Após transplante de rim, Faustão segue em observação; saiba qual estado de saúde do apresentador

Apresentador passou por um transplante de coração há seis meses. (Foto: Reprodução)

Internado desde o último domingo (25) no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, Faustão segue em observação médica após a realização de um transplante de rim devido ao agravamento de uma doença renal crônica. Segundo o comunicado divulgado nessa terça (27), o procedimento ocorreu na manhã de segunda (26) sem intercorrências.

“O paciente seguirá em observação para acompanhamento da adaptação do órgão e controle clínico”, diz o boletim assinado pelos médicos Marcelino Durão, nefrologista e coordenador médico de transplante renal do Hospital Israelita Albert Einstein; Sérgio Ximenes, urologista e membro da equipe de transplante renal do Hospital Israelita Albert Einstein; Fernando Bacal, cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein; e Miguel Cendoroglo Neto, diretor médico de serviços hospitalares e prática médica do Hospital Israelita Albert Einstein.

De acordo com o boletim, o procedimento foi realizado após o Einstein ter sido acionado pela Central de Transplantes do Estado de São Paulo e ter realizado a avaliação sobre a compatibilidade do órgão doado. O apresentador recebeu o novo rim cerca de seis meses após ter sido submetido a um transplante de coração devido a um grave quadro de insuficiência cardíaca.

O caso de Faustão, em que um transplantado precisa de um novo órgão renal é incomum, mas não tão raro. No Estado de São Paulo, para se ter uma ideia, dos 2 mil transplantes renais ocorridos em 2023 pelo Sistema Único de Saúde (SUS), 34 foram de uma pessoa já transplantada de outro órgão que precisou receber um rim tempos depois.

Essa situação faz o paciente se tornar prioridade ao ser colocado novamente na fila de espera pela cirurgia, explica o nefrologista e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) José Osmar Medina Pestana, diretor do Hospital do Rim, também no estado paulista.

O boletim médico não especificou se o problema no rim de Faustão foi de fato ligado ao procedimento cardíaco. Mas, segundo um trabalho publicado no New England Journal of Medicine, que avaliou 70 mil transplantados entre 1990 e 2000, 16,5% dos pacientes desenvolvem problemas renais.

Especialistas explicam que o principal fator por trás disso costuma ser o uso de medicamentos imunossupressores para atenuar a atividade do sistema imunológico e, com isso, inibir a rejeição do organismo ao transplante. Isso porque, embora indispensáveis, os fármacos são considerados nefrotóxicos, ou seja, têm potencial de causar lesão nos rins, ou agravar quadros preexistentes.

“Depois do sistema imunológico, o rim é o órgão mais sensível aos efeitos tóxicos dos imunossupressores”, diz Medina.

Stephanie Rizk, especialista em terapia intensiva e transplante cardíaco na Rede D’Or, no Hospital Sírio-Libanês e na Cardio-Oncologia do InCor, explica como atuam alguns desses fármacos mais utilizados, os inibidores de calcineurina ciclosporina e tacrolimus.

“Os remédios são essenciais, mas a ciclosporina pode causar vasoconstrição nos rins, o que reduz o fluxo renal e consequentemente a taxa de filtração do órgão. Isso pode causar lesão renal tanto aguda, como a longo prazo, de forma crônica. O tacrolimus pode atuar de forma diferente, por meio de danos ao túbulo renal, mas que também afeta o funcionamento do rim”, diz ela, que é doutora em Cardiologia pela Universidade de São Paulo (USP).

A especialista afirma que eventualmente é preciso combinar uma droga com outra, ajustar a dose do imunossupressor ou tentar fazer a troca por um fármaco que seja menos nefrotóxico quando os problemas aparecem. Mas destaca que há outros fatores que podem contribuir para a insuficiência renal como a de Faustão, que vão além dos medicamentos.

“Outro cenário é que os pacientes pós-transplante, mais a longo prazo, podem desenvolver uma pressão arterial, que eleva o risco de problemas nos rins. Pode haver também uma doença preexistente. E ele podia ter um comprometimento renal, que não sabemos a causa específica, que pode não ter se resolvido completamente”, diz, ela lembrando que, segundo o boletim médico da época, o apresentador precisou fazer diálise antes do transplante de coração.

Além disso, há o risco de infecções em pacientes imunossuprimidos, caso dos recém-transplantados, que podem atingir o órgão. Em relação ao tratamento e ao prognóstico, a especialista afirma que depende da gravidade do quadro. Em estágios mais avançados, é indicado o novo transplante.

Num artigo de revisão publicado em 2021 no American Journal of Kidney Diseases, o diretor-executivo do Programa de Transplante do Hospital Adventista Centura Porter, nos Estados Unidos, Alexander Wiseman, estimou que os casos do tipo, como o do Faustão, representam “aproximadamente 5% da lista de espera para transplante de rim”.

As evidências apontam ainda que fatores de risco para que transplantados desenvolvam uma disfunção renal são idade avançada; ser mulher; ter diabetes; ter hipertensão arterial; ter sofrido um quadro insuficiência renal aguda no pós-operatório e ter sido infectado com hepatite C antes do transplante.

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