Terça-feira, 12 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 8 de novembro de 2024
Depois de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) acompanhar a apuração das eleições dos Estados Unidos diretamente do Mar-a-Lago, resort de luxo de Donald Trump, ao lado de Donald Trump Jr., o PL decidiu oficializar a posse dele como novo secretário de Relações Internacionais e Institucionais do partido, em uma cerimônia marcada para a quarta-feira da semana que vem, dia 13, em Brasília.
Há uma expectativa de que Eduardo atue como uma espécie de “chanceler informal”, como mostrou a colunista Bela Megale, do jornal O Globo, já que o deputado federal é a liderança da extrema-direita brasileira com mais proximidade de Trump e de seu entorno.
Inclusive, no início deste ano, o deputado chegou a fazer uma reunião com o americano, em que trataram de ações para pressionar o governo brasileiro e o Judiciário após a vitória do republicano, que se concretizou agora.
O presidente do partido, Valdemar Costa Neto, afirmou que Eduardo Bolsonaro “é um dos deputados que mais trabalha”.
“Ele é muito comprometido e leva com excelência as bandeiras da direita para todos os cantos do Brasil e do mundo”, disse.
Eduardo esteve ao lado de Trump, que foi eleito para um segundo mandato ao derrotar a atual vice-presidente do país, Kamala Harris. Eduardo, agora, organiza uma comitiva de parlamentares brasileiros que pretendem ir à posse presidencial norte-americana no dia 20 de janeiro de 2025, em Washington.
Durante o Grande Debate, programa da CNN Brasil, na última quarta-feira (6) afirmou que foi convidado para acompanhar a apuração e também participar de um jantar na casa de Trump em Palm Beach, na Flórida.
Essa não é a primeira vez que ele vai aos Estados Unidos ou que se reúne com Donald Trump. Em maio deste ano, por exemplo, esteve presente em uma comitiva de nomes conservadores, ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em Washington para participar de uma audiência sobre Brasil na Câmara dos Deputados.
“Imaginário”
Em breve entrevista à BBC News Brasil, Eduardo disse que a vitória de Trump pode ter efeitos sobre as eleições de 2026.
“A vitória de Trump ativa o imaginário de que o Bolsonaro também pode retornar”, disse.
Jair Bolsonaro ficou inelegível em 2023 após ser condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) duas vezes.
Num primeiro processo, ele foi condenado por abuso do poder político por ter convocado uma reunião com embaixadores de países estrangeiros, onde questionou a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro.
A segunda condenação foi por abuso do poder econômico.
Sua defesa alegou que ele era inocente nos dois casos. A inelegibilidade de Bolsonaro termina em 2030, quando, em tese, ele poderia disputar novas eleições.
No Brasil, no entanto, há um movimento liderado por bolsonaristas para reverter a inelegibilidade do ex-presidente, seja por meio de recursos jurídicos, seja por meio da aprovação de uma lei prevendo uma espécie de anistia que abrangeria o seu caso.
Eduardo Bolsonaro, no entanto, diz acreditar que não é apenas ativação do imaginário dos brasileiros que seria responsável por uma eventual reversão da inelegibilidade de Bolsonaro.
Ele diz acreditar que a chegada de Trump ao poder poderá exercer algum tipo de influência indireta sobre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte poderá, em tese, julgar recursos movidos pela defesa de Bolsonaro sobre sua inelegibilidade.
“Eu não vejo eles [o governo norte-americano] mandando recado para o TSE ou algo assim. Mas, certamente, o STF… um ou dois juízes que ficam mais à vontade para adotar suas políticas… eles vão ficar com o pé atrás”, disse.