Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 24 de março de 2023
Uma das principais mensagens do Copom, segundo especialistas, foi que o governo ainda precisa caminhar com o quadro fiscal do País.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência BrasilNa esteira de um tom mais conservador adotado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) na decisão desta semana, o mercado ajusta suas apostas quanto ao início do ciclo de flexibilização da Selic e, assim, a probabilidade de manutenção da taxa de juros em maio ganha força adicional.
No mercado de opções digitais, na B3, a probabilidade de manutenção da Selic em 13,75% na reunião de maio subia de 67% para 86%. Vale lembrar que, no início da semana passada, os temores de uma crise bancária global levaram o mercado a colocar no preço apenas 58% de chance de manutenção da Selic em maio, contra 42% de possibilidade de alguma redução no juro básico.
Os recados do BC
Segundo economistas, o comunicado trouxe alguns recados importantes a serem considerados pelo mercado para a trajetória da Selic. Entre eles:
– Incertezas fiscais ainda pairam sobre o país;
– Houve aumento das expectativas de inflação para 2023 e 2024;
– Não há perspectiva de corte de juros;
– A conjuntura internacional é monitorada.
Incertezas fiscais
Uma das principais mensagens do Copom, segundo especialistas, foi que o governo ainda precisa caminhar com o quadro fiscal do País. No comunicado, o Comitê ressalta, por exemplo, que a recente reoneração dos combustíveis reduziu a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo, mas ainda aponta preocupação com “horizontes mais longos”.
Para o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BC Henrique Meirelles, o trecho chama atenção para as contas públicas. “Situação fiscal colabora para a inflação. Nesse caso, a reoneração diminui um pouco o déficit”, disse.
Na prática, a leitura é que, apesar de trazer um aumento de receita para o governo, a volta dos tributos ainda não é suficiente para zerar as incertezas fiscais do país.
Corte de juros
Com o aumento das expectativas para a inflação e em meio às incertezas fiscais que continuam a pesar na política monetária, a leitura dos economistas é de que ainda não há espaço para um eventual corte de juros por parte do Banco Central.
De acordo com o economista da XP Investimentos, Rodolfo Margato, algumas partes do comunicado enfatizam esse posicionamento mais duro da autoridade monetária. A principal é quando o colegiado afirma que segue “vigilante” e avaliando se a manutenção da Selic por um período maior será capaz de assegurar a convergência da inflação.
No comunicado, o Comitê reforçou que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.