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Por Redação O Sul | 22 de maio de 2022
A Apple disse a alguns de seus fabricantes que deseja aumentar a produção fora da China, citando a rígida política de combate à covid-19 de Pequim, entre outros motivos, disseram pessoas envolvidas nas discussões. Índia e Vietnã, que já são locais de uma pequena parte da produção global da Apple, estão entre os países que recebem um olhar mais atento da empresa como alternativas à China, segundo as fontes.
Mais de 90% dos produtos da Apple, como iPhones, iPads e laptops MacBook, são fabricados na China por terceiros, segundo analistas. A forte dependência da Apple no país é um risco potencial por causa do governo comunista autoritário de Pequim e seus confrontos com os Estados Unidos, disseram analistas.
Qualquer movimento da Apple, a maior empresa americana por valor de mercado, para enfatizar a produção fora da China pode influenciar outras empresas que consideram reduzir a dependência do país asiático. A consideração aumentou este ano depois que Pequim se absteve de criticar a Rússia por sua invasão da Ucrânia e adotou bloqueios em algumas cidades para combater a covid-19.
Um porta-voz da Apple se recusou a comentar. Questionado em geral sobre a cadeia de suprimentos da Apple em abril, o diretor-presidente Tim Cook disse: “Nossa cadeia de suprimentos é verdadeiramente global e, portanto, os produtos são fabricados em todos os lugares”. Ele também disse: “Continuamos buscando otimizar”.
A Apple estava tentando se diversificar da China antes que a covid-19 se espalhasse pelo mundo no início de 2020, mas esses planos foram complicados pela pandemia. Agora, a empresa de Cupertino, na Califórnia, está pressionando novamente e dizendo a contratados onde eles devem procurar construir nova capacidade de fabricação, disseram pessoas envolvidas nas discussões.
A Apple alertou em abril que o ressurgimento do covid-19 e bloqueios na China ameaça prejudicar as vendas em até US$ 8 bilhões no trimestre atual. As restrições de viagens chinesas também reduziram o envio de executivos e engenheiros da Apple ao país, dificultando a verificação dos locais de produção pessoalmente. Quedas de energia em 2021 também prejudicaram a confiabilidade da China.
Ainda assim, pessoas do setor disseram que a Apple mantém a China como seu centro de fabricação devido a uma força de trabalho bem treinada, custos baixos e uma rede de fornecedores de peças que é difícil de recriar em outros lugares sem anos de esforço. Além disso, os governos locais na China trabalharam em estreita colaboração com a Apple, e a empresa pode vender produtos fabricados na China no mesmo país, que responde por cerca de um quinto das vendas globais.
Pessoas que conversaram com a Apple sobre seus planos disseram que a empresa vê a Índia como o mais próximo da China, devido à sua grande população e baixos custos. As montadoras de Taiwan Foxconn e Wistron já montaram fábricas na Índia para produzir iPhones. Em abril, a Apple começou a produzir a série iPhone 13 na Índia, e conversa com fornecedores sobre a expansão na Índia, incluindo produção para exportação, disseram as fontes.
Um problema com a Índia é a dificuldade de montadoras chinesas se instalarem devido às relações tensas entre Nova Délhi e Pequim. Por isso, contratados com sede na China que fazem negócios com a Apple estão olhando mais para o Vietnã e outras nações do Sudeste Asiático. O Vietnã faz fronteira com a China e já é um centro de fabricação de smartphones para a principal rival global da Apple, a Samsung Electronics.
A Índia produziu 3,1% dos iPhones do mundo no ano passado, e a proporção deve aumentar para 6% a 7% este ano, de acordo com a empresa de pesquisa Counterpoint. A China responde por quase todo o resto. Segundo um executivo contratado, os fornecedores precisam ir aonde a Apple vai se quiserem manter o negócio. As informações são da agência de notícias Dow Jones Newswires.