Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 27 de abril de 2025
A Apple pretende produzir na Índia a maior parte dos iPhones que vende nos Estados Unidos até o final do próximo ano, acelerando uma estratégia global para depender menos da China em meio à escalada da guerra comercial iniciada pelo presidente americano Donald Trump.
Segundo pessoas familiarizadas com o assunto, que pediram anonimato, a meta significa que a Apple praticamente dobraria sua produção anual de iPhones na Índia, ultrapassando os 80 milhões de unidades. A empresa montou pouco mais de 40 milhões de iPhones no país no ano fiscal encerrado em março deste ano. Nos EUA, a Apple vende mais de 60 milhões de iPhones por ano.
Os planos são o mais recente indicativo de que a Apple e seus fornecedores estão acelerando a saída da China — um processo que começou com os severos lockdowns da Covid que afetaram a produção em sua maior fábrica global.
As tarifas introduzidas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e as tensões entre Washington e Pequim estão levando a Apple a intensificar essa mudança.
Representantes da Apple na Índia não responderam imediatamente a pedidos de comentário. O Financial Times noticiou anteriormente que a meta da Apple é abastecer todo o mercado americano com iPhones fabricados na Índia até o final de 2026. A Bloomberg News já havia informado sobre o plano da empresa de priorizar cada vez mais iPhones da cadeia de suprimentos indiana para os consumidores dos EUA.
A empresa sediada em Cupertino, Califórnia, montou o equivalente a US$ 22 bilhões em iPhones na Índia nos 12 meses encerrados em março, aumentando a produção em quase 60% em relação ao ano anterior, segundo reportagem da Bloomberg publicada neste mês. Atualmente, 20% dos iPhones — ou um em cada cinco — são produzidos em fábricas indianas, embora a China continue sendo, de longe, sua principal base de produção.
A maior parte dos iPhones produzidos na Índia é montada na fábrica do Foxconn no sul do país. A divisão de manufatura eletrônica do grupo Tata, que comprou o negócio local da Wistron e administra as operações da Pegatron na Índia, também é um fornecedor-chave. Tata e Foxconn estão construindo novas fábricas e expandindo a capacidade de produção na região, conforme já relatado pela Bloomberg News.
Do total produzido na Índia, a Apple exportou 1,5 trilhão de rúpias (US$ 17,5 bilhões) em iPhones no ano fiscal encerrado em março de 2025, segundo informou o ministro da Tecnologia do país em 8 de abril.
Os embarques de iPhones da Índia para os EUA aceleraram após o anúncio de Trump, em fevereiro, sobre as chamadas tarifas “recíprocas”. A média da produção e das exportações da Apple a partir da Índia aumentou ao longo de todo o ano fiscal.
No início deste mês, o governo Trump isentou produtos eletrônicos, como smartphones e computadores, de suas tarifas recíprocas. Isso é uma boa notícia para empresas como a Apple, embora a isenção não pareça se aplicar à tarifa separada de 20% sobre a China, imposta como forma de pressionar Pequim a agir contra o fentanil.
Isso também significa que, por ora, os iPhones fabricados na Índia não serão alvo de tarifas. Exceto pelas exceções feitas em 11 de abril, as tarifas acumuladas de Trump sobre a China continuam em 145%, o que provavelmente forçará empresas como a Apple a intensificarem ainda mais a reestruturação de suas cadeias de suprimento.
A Apple agora monta toda a sua linha de iPhones na Índia, incluindo os modelos Pro de titânio mais caros. O sucesso da empresa na nação mais populosa do mundo também é impulsionado por subsídios estatais vinculados à ambição do primeiro-ministro Narendra Modi de transformar o país em um polo industrial. (Com informações da agência Bloomberg)