A Marinha da Argentina dispensou dois dos três navios brasileiros que haviam sido mobilizados para auxiliar na busca pelo submarino ARA San Juan, desaparecido desde o dia 15 passado. Segundo a Marinha do Brasil, o navio polar Almirante Maximiano voltará para a região da estação antártica brasileira Comandante Ferraz, e a fragata Rademaker retornará para o Brasil.
Eles foram comunicados da dispensa na segunda (27), quando ficou evidente que um grave acidente deve ter vitimado o San Juan. A última mensagem do barco indica que houve um incêndio e curto-circuito em parte de suas baterias devido a um vazamento de água. O San Juan então submergiu com capacidade reduzida de propulsão, e a partir daí a única informação da região foi um barulho semelhante a uma explosão detectado por sensores.
Apenas o navio de socorro submarino Felinto Perry continua na operação. Ele é a única embarcação do tipo na América do Sul, evidenciando um problema sério caso de acidentes com submarinos nas frotas da região. Segundo especialistas, ainda assim o Felinto Perry tem capacidades limitadas de operação.
O Ministério da Defesa da Argentina negou que tenha desmobilizado navios brasileiros ou de qualquer outra nacionalidade que estejam na zona de operações de buscas pelo submarino.
Consultada, uma porta-voz do ministério disse que esse retorno deve ter ocorrido por necessidades da própria Marinha brasileira. Questionada sobre por que teriam atribuído a decisão à Argentina, disse que a resposta cabia à Marinha do Brasil.
Troca de comando
O presidente argentino, Mauricio Macri, decidiu trocar todo o comando das Forças Armadas ante a crise nacional e as investigações que sucederam ao desaparecimento do submarino ARA San Juan, segundo o jornal “La Nación”. Na segunda-feira, a Marinha e os efetivos militares internacionais iniciaram o 12º dia de buscas pelos 44 tripulantes, contatados pela última vez no dia 15. O diário argentino relata que o chefe do Executivo trabalha agora na definição dos nomes dos substitutos e cogita anunciar as mudanças antes do fim do ano.
De acordo com o “La Nación”, a troca de comando integra um plano de reestruturação militar que estava nos planos do presidente há meses. A crise do submarino, pela qual a Marinha começou a ser investigada por negligência, teria confirmado a decisão. A nova estruturação das Forças Armadas daria mais poder ao chefe do Estado-Maior Conjunto, a partir da fusão de unidades militares e do uso integrado de comunicações e equipamentos das forças. O objetivo seria tornar mais eficiente a operação e ajudar na economia de recursos sem perder capacidades.
O presidente busca agora recursos para investir nas Forças Armadas. Na avaliação de Macri, a atual condução dos braços armados do país está “atrasada”, o que pediria uma reformulação na logística, nas comunicações e em outras atividades. O “La Nación” ressalta que ainda é uma incógnita se a coordenação envolverá os setores de inteligência. Fontes militares da reportagem ressalvaram ainda que a crise do submarino trouxe cautela à estratégia inicial, que visava a integrar as Forças Armadas na luta contra o terrorismo. Nesta seara, a integração ocorrerá com “mais precaução”, segundo o jornal.