Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 17 de agosto de 2022
O governo argentino anunciou uma série de reajustes em itens subsidiados no país, o que é conhecido localmente como “tarifazo”. As contas de água, eletricidade e gás estão entre os elementos afetados, em um movimento que era esperado há algum tempo e que faz parte do contexto das negociações do país com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O anúncio foi feito pela secretária da Energia da Argentina, Flávia Royón. Segundo ela, o país possui atualmente 4,5 milhões de lares sendo beneficiados pelos subsídios para eletricidade e 3,5 milhões no programa para o gás. “Este plano de atualização de tarifas é muito importante em termos fiscais, mas é também um plano de distribuição de subsídios muito mais justo”, afirmou.
A alta nas contas chegará a até 150%, e coloca pressão no novo ministro da Economia, Sérgio Massa, que enfrenta um inflação de 70% na comparação anual e que é projetada para atingir 90% até o fim de 2022. A presidente da AySA, companhia responsável pelo fornecimento de água, Malena Galmarini, reforçou Royón, e disse que não há um “aumento de tarifa, mas a redistribuição de subsídios”.
Parte dos lares seguirá contando com benefícios, algo que levará em conta a renda de cada família. Os cortes passarão a ser aplicados dentro dos próximos meses, de forma gradual. A retirada dos subsídios é vista como essencial para a redução do déficit primário que faz parte do acordo com o FMI.
Mobilização
Milhares de pessoas se mobilizaram nesta quarta (17) em Buenos Aires, na Argentina, a favor e contra o governo de Alberto Fernández, em diferentes marchas de protesto contra a escalada da inflação – que está em 71% em termos anuais, com possibilidade de chegar aos 100% até o fim de 2022, e que alguns atribuem à especulação de empresários e outros à falta de medidas oficiais.
Pela primeira vez desde que o peronista Fernández assumiu a presidência em dezembro de 2019, as principais confederações sindicais, alinhadas ao peronismo e aliadas do governo, marcharam até a sede do Congresso para protestar contra o alto custo de vida.
Enquanto isso, organizações sociais de esquerda que reúnem trabalhadores informais e desempregados, cada vez mais em desacordo com o governo, se mobilizaram na Praça de Maio, onde fica a Casa Rosada, sede da Presidência, para exigir do Executivo medidas que contenham o aumento de preços.
Os sindicatos orientaram suas reivindicações para o setor empresarial e enfatizaram que a marcha buscava simultaneamente “defender o governo [peronista] e denunciar aqueles que tiram um prato de comida dos trabalhadores argentinos”.
“Deixamos claro contra quem é esta marcha: aqui há especulação financeira de quem quer obter grandes lucros com uma desvalorização e há especulação política da oposição, que quer manter a sociedade em dificuldades até 2023 para garantir uma vitória eleitoral [nas eleições presidenciais]”, declarou o secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho, Héctor Daer, ao final da marcha.
Sem oradores, as grandes colunas sindicais desfilaram pelas ruas do centro até chegarem ao Parlamento, onde se dispersaram.