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Argentina planeja aumentar o controle na fronteira com o Brasil

Governo já havia anunciado cerca de 200 metros na fronteira com a Bolívia. (Foto: Reprodução)

A ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, afirmou que o governo de Javier Milei vai reforçar os controles na fronteira com o Brasil, expandindo as medidas que já foram anunciadas para a divisa com a Bolívia. A declaração, dada à rádio argentina Mitre, ocorre em meio a uma polêmica no país sobre o endurecimento da fiscalização migratória e o combate ao contrabando e tráfico de drogas.

“Além da Bolívia, planejamos expandir essa política para outros pontos de fronteira. Agora, vamos para a fronteira em Misiones com o Brasil, que é uma fronteira onde se entra no país a pé em muitos lugares, e onde tivemos assassinos e problemas”, afirmou Bullrich.

Mais adiante na entrevista, Bullrich mencionou especificamente a cidade de Bernardo de Irigoyen como um ponto crítico, que justifica a adoção de medidas.

“É um ponto totalmente integrado, onde metade é da Argentina e a outra metade é do Brasil. Tanto lá como em Salvador Mazza [Salta] precisamos de um plano abrangente”, acrescentou.

A iniciativa segue a linha do “Plano Güemes”, lançado pelo governo Milei em dezembro para fortalecer a segurança nas fronteiras do norte da Argentina. A primeira medida foi anunciada na última semana, quando a cidade de Águas Blancas, na província de Salta, confirmou a construção de uma cerca de 200 metros na fronteira com a Bolívia, em parceria com o governo federal.

A decisão de ampliar as barreiras fronteiriças ocorre no mesmo momento em que Donald Trump endurece sua política de imigração nos Estados Unidos, com novas sanções a países que não aceitam deportações e reforço de restrições na fronteira com o México. Milei tem demonstrado alinhamento com Trump e frequentemente cita suas políticas como referência.

Embate com a Bolívia

O “cercamento perimetral” com a Bolívia — como foi chamada a estrutura de contenção em documentos oficiais — é planejado para ser erguido no município argentino de Aguas Blancas, na província de Salta, que fica no extremo norte do país, às margens do rio Bermejo.

Autoridades do município argentino em que a construção pretensamente será executada afirmaram que a obra será financiada pelo governo federal e que será realizada em um trecho que vai do terminal rodoviário municipal até os escritórios da Direção Nacional de Migrações, na divisa com a cidade de Bermejo, na Bolívia. Ao menos inicialmente, haveria uma cerca “alta e forte”, semelhante às vistas em campos de futebol, margeando o rio por onde pessoas dos dois países entram e saem todos os dias.

A medida provocou críticas do governo boliviano, que manifestou preocupação com possíveis impactos diplomáticos. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia afirmou que “qualquer medida unilateral pode afetar a boa vizinhança e a convivência pacífica entre povos irmãos”.

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