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Brasil A argentina pressiona mas não consegue reduzir a importação de carros brasileiros

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O governo do país vizinho já começou a notificar as montadoras, que deverão pagar multa por infringir acordo bilateral. (Foto: Reprodução)

Os esforços da Argentina para reduzir a entrada de carros brasileiros têm se mostrado inócuos. A importação de veículos pelas montadoras instaladas no país vizinho – que tem ajudado as fabricantes locais a ampliarem a produção – permanece acima dos limites estabelecidos em acordo bilateral de comércio, o que pode resultar em multas.

O descumprimento da regra ocorre mesmo após as autoridades de Buenos Aires terem anunciado, sete meses atrás, que exigiriam das montadoras responsáveis pelo excesso o depósito de garantias equivalentes às multas – que, se confirmadas, deverão ser pagas após o fim do acordo, em 2020.

Pelos termos da tratativa, que os dois governos chamam de “flex”, para cada US$ 1 que a Argentina exporta para o mercado brasileiro em veículos e autopeças, o Brasil pode exportar US$ 1,5 para lá. Essa proporção, porém, chegou a US$ 1,85 em 2016 e a US$ 2,34 no ano passado. Mesmo após o alerta do presidente Mauricio Macri, que pediu garantias de pagamento de eventuais multas, a balança manteve o desequilíbrio. Desde julho de 2017, o ‘flex” ficou em US$ 2,19.

A explicação é que, nesse período, enquanto o Brasil começava a se recuperar da pior crise de sua história (que derrubou as vendas de carros à metade), a Argentina seguia com o seu mercado a todo vapor, com vendas de 883 mil unidades no ano passado, 22,5% a mais que em 2016.

Boa parte da demanda foi atendida pelos carros fabricados no Brasil, pois a produção ficou estável, em 472 mil unidades, segundo a associação das montadoras argentinas (Adefa). Talvez seja isso que tenha colocado Macri em alerta. O Brasil, por outro lado, aumentou sua produção em 25% no ano passado, e as exportações cresceram 46,5%, para 762 mil unidades, mais da metade destinada ao país vizinho.

“Tudo indica que o Brasil, embora deva manter suas exportações em alta, também vai importar mais este ano, especialmente o setor automotivo, em razão da recuperação econômica”, diz José Augusto de Castro, presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).

Mesmo com esse cenário, a Argentina começou a notificar neste mês as montadoras que deverão fazer o depósito de garantia da multa por ter extrapolado o flex. Das empresas brasileiras que exportam para o país, somente a Fiat confirmou que sua subsidiária está nesse grupo.

As montadoras argentinas terão de depositar o equivalente a 24,5% do valor excedente importado. Segundo analistas, por se tratar de empresas do mesmo grupo, é possível que as marcas instaladas no Brasil possam colaborar com eventuais multas. Não foi divulgado, por enquanto, valores e prazos para o depósito das garantias.

Pressão

Nos últimos dias, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços reforçou que a aferição das cotas é prevista para ocorrer no fim do acordo e que o governo entende que, com a retomada do crescimento da economia brasileira, a tendência é de aumento das importações de produtos argentinos, reduzindo a pressão existente hoje.

“Acreditamos que, em 2020, o índice estará dentro do acordado, com aumento do comércio bilateral, com consequente incremento da integração produtiva”, avalia o secretário de Desenvolvimento e Competitividade Industrial da pasta, Igor Calvet.

Na opinião do presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Antonio Megale, a proporção do flex não deverá subir mais, uma vez que o mercado brasileiro voltou a crescer: “A tendência é que o flex se estabilize, para depois voltar a cair”, diz. Megale lembra que o acordo prevê que o flex suba de 1,5 para 1,7 a partir de julho de 2019, o que facilitará o equilíbrio comercial entre os dois países.

As montadoras têm anunciado investimentos na Argentina para produzir modelos que terão o Brasil como importante cliente, outra medida que ajudará o setor a cumprir o acordo. A Fiat investiu US$ 500 milhões para produzir o sedã Cronos, apresentado na semana passada. A Volkswagen fará aporte de US$ 650 milhões para a produção um utilitário esportivo e a GM vai investir US$ 500 milhões em “um carro global de alto valor agregado”.

tags: Brasil

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https://www.osul.com.br/argentina-pressiona-mas-nao-consegue-reduzir-importacao-de-carros-brasileiros/ A argentina pressiona mas não consegue reduzir a importação de carros brasileiros 2018-02-18
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