Segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Por barbara paiva | 15 de outubro de 2022
A inflação oficial da Argentina teve alta de 6,2% em setembro e chegou a 83% no acumulado de 12 meses. Conforme o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos do país, a taxa anual do país está no maior patamar desde dezembro de 1991, quando a taxa anual foi de 84%. No acumulado do ano, a inflação da Argentina foi de 66,1%.
Apesar do índice, o resultado do mês de setembro mostra uma desaceleração na inflação da Argentina após aumento de 7% em agosto comparado a julho.
“É o segundo mês consecutivo em que a inflação cai, mas é um número que ainda não me satisfaz”, disse o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, durante uma visita a sede do Atlantic Council, em Washington, nos Estados Unidos.
Este resultado deixa o país vizinho em segundo lugar no ranking de grandes economias compilado pela Austin Rating, com países do G20 mais a Zona do Euro, ficando atrás apenas da Turquia que está com uma inflação de 83,5%.
O Brasil ocupa a 14ª posição deste relatório, atrás de grandes potências econômicas como Estados Unidos (8,2%), Espanha (8,9%), Zona do Euro (9,1%), Reino Unido (9,9%), dentre outros.
O País registrou em setembro seu terceiro mês seguido de deflação, com queda de 0,29% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de acordo com o IBGE. Com isso, o índice acumula alta de 7,17% em 12 meses.
Crise argentina
A Argentina passa por um dos momentos econômicos mais delicados da história. De acordo com Juan Frers, professor de economia e impostos da Universidade de Direito de Buenos Aires, a inflação é um dos desafios econômicos mais importantes da economia Argentina. “Esse fenômeno gera uma perda direta de capacidade econômica entre os consumidores, afetando diretamente o consumo”, explica.
Para Frers, devido à perda de confiança na moeda local, aos altos níveis de inflação e ao baixo nível de renda, dia após dia, os argentinos ganham menos dinheiro. “Estima-se que as famílias que estão na linha da pobreza recebam uma renda mensal de 37.803 pesos (cerca de R$1.325,00) e a cesta básica está valendo 62.989 pesos (cerca de R$ 2.208,00). Hoje, 27,7% dos domicílios vivem pessoas abaixo da linha da pobreza”, aponta.
O professor conta que milhões de argentinos estão tendo que viver com vários empregos. “Aqui na Argentina, um único emprego com renda mínima não é suficiente para combater os efeitos da inflação e viver com dignidade”, completa.
Vale relembrar que, de acordo com uma pesquisa de analistas publicada pelo Banco Central da Argentina, a inflação anual do país poderá atingir 104,5% este ano.