Terça-feira, 26 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 17 de março de 2024
A Argentina registrou um superávit fiscal primário de 1,23 trilhão de pesos (US$ 1,45 bilhão) em fevereiro, informou o ministro da Economia, Luis Caputo, na última sexta-feira (15). Esse foi o segundo mês consecutivo de superávit no país após anos de déficits regulares.
Na tentativa de controlar a inflação elevada, o presidente Javier Milei implementou medidas de austeridade, incluindo cortes drásticos nos gastos do Estado, redução de subsídios e podas no setor público.
Caputo, da Economia, acrescentou que os dois primeiros meses de 2024 registraram um superávit fiscal de 3,24 trilhões de pesos, representando 0,5% do produto interno bruto (PIB).
O superávit fiscal financeiro – que inclui pagamento líquido de juros sobre a dívida pública – foi de 338,1 bilhões de pesos no mês e, cumulativamente, 856,5 bilhões de pesos nos dois primeiros meses do ano.
Ao mesmo tempo, o país sofre com a pobreza e uma inflação altíssima.
O governo registrou “dois meses consecutivos de superávit financeiro pela primeira vez desde o início de 2011, acumulando um superávit após os juros de quase 0,2% do PIB nos dois primeiros meses de 2024”, informou o ministério em um comunicado.
Zerar o déficit público é a principal meta da gestão de Milei. Para isso, o governo tem revisado subsídios e paralisado investimentos públicos no país. A ideia é recompor reservas internacionais para afastar a crise de confiança de investidores internacionais e reequilibrar o câmbio.
Além disso, a Argentina mantém um acordo de empréstimo de US$ 44 bilhões (aproximadamente R$ 219 bilhões) com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê a reorganização da economia.
O desequilíbrio causou uma inflação na Argentina que passa dos 250% em 12 meses, segundo o instituto oficial de estatísticas, o Indec. Trata-se de uma das variações interanuais mais altas do mundo.
Inflação e pobreza
Enquanto isso, a inflação da Argentina subiu 13,2% em fevereiro, informou o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) do país na última terça-feira (12). Com o resultado, o aumento dos preços chegou a 276,2% em 12 meses.
Apesar da alta, o número representa uma desaceleração em comparação ao observado em janeiro, quando os preços subiram 20,6%.
Os novos dados do índice de preços também consolidam a posição da Argentina como o país com a pior inflação do mundo. O cenário tem prejudicado o poder de compra e aumentado a pobreza, que alcança 45% da população, segundo dados oficiais.
Um estudo, inicialmente publicado pelo jornal Ámbito Financiero, projeta números ainda maiores: 57,4% dos argentinos vivendo abaixo da linha de pobreza, mais de 26 milhões de pessoas.