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Argentina veta parcelamento de compras no exterior para conter a saída de dólares

Desempenho das ações do País já está 48% acima da média dos emergentes. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O Banco Central da República da Argentina (BCRA) decidiu proibir o parcelamento de compras realizadas no exterior, em mais um esforço para conter a saída de dólares do país e mitigar a recente desvalorização do peso argentino.

Em comunicado, a autoridade monetária informou que, a partir desta segunda-feira (4), operadoras de cartão de crédito e provedoras de serviços financeiros poderão autorizar compras fora do país apenas à vista. A medida deve conter o consumo estrangeiro, já que a nação latino-americana enfrenta uma série de dificuldades econômicas.

Desde o início do ano, o dólar avançou mais de 20% ante o peso argentino, cotado a 125,453 pesos na sexta-feira (1º). Buenos Aires dispõe de reservas limitadas de moedas internacionais, em um cenário de inflação elevada e aperto monetário. No final do mês passado, o Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou o desembolso imediato de cerca de US$ 4 bilhões ao país.

Ministro da Economia

Em outra frente, a renúncia do ministro da Economia da Argentina, Martín Guzmán, aprofundou a crise política e adicionou mais uma camada de incertezas à confluência de adversidades econômicas que assola o país. Com inflação em disparada e esgotamento das reservas internacionais, economistas já questionavam a capacidade de Buenos Aires de honrar a dívida externa e preveem perspectivas difíceis para o peso argentino. Na noite deste domingo (3), o governo argentino anunciou o nome de Silvina Batakis para o cargo de ministra da Economia, no lugar de Martín Guzmán.

Guzmán vinha sendo duramente criticado pela vice-presidente Cristina Kirchner, que expressou publicamente insatisfação com os planos de redução de gastos públicos. O compromisso em diminuir o déficit era uma das contrapartidas exigidas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para um acordo de reestruturação de cerca de US$ 44 bilhões em dívida, firmado em março.

Na carta em que anunciou a renúncia, Guzmán não citou especificamente os motivos que levaram à decisão, mas a publicação do documento, neste sábado, coincidiu com um discurso de Kirchner em homenagem aos 48 anos da morte do ex-presidente Juan Domingo Perón. Nele, a vice-presidente criticou as políticas capitaneadas por Guzmán. “Não que eu tenha me tornado apologista do déficit fiscal, mas honesta e simplesmente não acredito que essa seja a causa da desproporcional e única da inflação estrutural na Argentina e no mundo”, afirmou.

Além do ministro, o secretário de Fazenda, Raúl Enrique Rigo, também entregou o cargo. Por outro lado, o presidente do Banco Central da República Argentina (BCRA), Miguel Pesce, negou que tenha intenção de deixar o posto. Diante do desfalque na equipe econômica, o presidente Alberto Fernández convocou uma reunião de emergência com aliados para tratar da questão, de acordo com o jornal El Cronista, e passou o domingo na residência oficial de Olivos, tentando contornar a crise antes de anunciar o novo nome para chefiar o Ministério da Economia.

A notícia da renúncia havia suscitado temores de agravamento das nuvens que encobrem o horizonte econômico do país. “Comprem dólares e apertem os cintos, meses muito difíceis estão por vir”, alertou a economista Diana Mondino, da Universidade de CEMA, em publicação no Twitter. “[Guzmán] será para sempre lembrado como um dos piores ministros da economia. Soberbo, bruto, pedante e totalmente irresponsável”, criticou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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