Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 15 de fevereiro de 2024
O deputado norte-americano Mike Turner, chefe da Comissão de Inteligência da Câmara, divulgou na quarta-feira (14) uma declaração na qual menciona uma “séria ameaça à segurança nacional”. Rapidamente o anúncio causou burburinho nas redes sociais por se tratar de uma “capacidade militar estrangeira desestabilizadora”. Segundo fontes da imprensa dos Estados Unidos, a potencial ameaça seria uma arma nuclear russa no espaço.
De acordo com a ABC News, duas fontes familiarizadas com as deliberações no Capitólio disseram que a inteligência tem a ver com o projeto nuclear espacial da Rússia. Mas, a ideia não seria disparar um míssil nuclear da órbita para a Terra, mas sim atingir satélites que estão na órbita baixa do planeta.
Mesmo não se tratando de uma ameaça direta aos cidadãos norte-americanos, os congressistas insistiram que o assunto ainda “é muito preocupante e muito sensível”. O presidente da Câmara, Mike Johnson, disse aos jornalistas que irão “trabalhar juntos para resolver este assunto, como fazemos com todos os assuntos sensíveis que são confidenciais”.
Pedido público
A mensagem pública que deu início ao debate sobre armas nucleares no espaço surpreendeu o governo americano. O parlamentar republicano, de Ohio, foi direto ao pedir que o presidente americano, Joe Biden, torne públicas informações relativas ao assunto.
“Peço ao Presidente Biden que torne públicas todas as informações relacionadas com esta ameaça para que o Congresso, a Administração e os nossos aliados possam discutir abertamente as ações necessárias para responder”, diz a mensagem.
Autoridades norte-americanas disseram ao New York Times que a arma nuclear espacial russa ainda não teria sido lançada, e ainda estava em desenvolvimento. Funcionários da Casa Branca disseram na quarta-feira que avaliaram a ameaça como “séria”, mas acreditavam que havia maneiras de “contê-la” sem provocar pânico em massa.
Reunião confidencial
O conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, afirmou em coletiva de imprensa que já havia agendado uma reunião confidencial com a liderança do Congresso antes do pedido público de Turner. Sullivan foi pressionado sobre o pedido de inteligência.
Ele também se recusou a fornecer mais detalhes sobre o assunto, além de dizer que “os americanos entendem que há uma série de ameaças e desafios no mundo com os quais lidamos todos os dias”, como o terrorismo.
Armas no espaço
A Rússia e os Estados Unidos são de longe as maiores potências nucleares: juntos, os seus arsenais detêm cerca de 90% das armas nucleares do mundo e ambos possuem satélites militares avançados em órbita da Terra.
Nos primeiros anos da Guerra Fria, depois da Rússia ter dado um salto à frente na corrida espacial e de ambos os lados terem desenvolvido mísseis balísticos intercontinentais, o Ocidente propôs um tratado para proibir as armas nucleares no espaço.
O resultado final foi o Tratado do Espaço Exterior de 1967, que proíbe colocar qualquer arma de destruição em massa em órbita ou no espaço exterior.
Os Estados Unidos consideram a Rússia e a China como os seus maiores concorrentes a nível estatal e dizem que ambos estão desenvolvendo uma série de novos sistemas de armas, incluindo capacidades nucleares, cibernéticas e espaciais.
A Rússia afirma que o domínio pós-Guerra Fria dos Estados Unidos está desmoronando e que durante anos Washington semeou o caos em todo o planeta, ignorando os interesses de outras potências.
Moscou também acusa os Estados Unidos de estarem desenvolvendo uma série de novas armas.
O que diz a Rússia
A Rússia não confirmou nem negou a existência de tal arma, mas rejeitou o alerta dos EUA como uma “fabricação maliciosa” e um truque da Casa Branca com o objetivo de fazer com que os congressistas dos EUA aprovem mais dinheiro para combater Moscou.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que não comentaria o conteúdo dos relatórios até que os detalhes fossem revelados pela Casa Branca.