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Brasil Arquivos da Polícia Federal revelam como foi a vigilância aos manifestantes de junho de 2013

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Investigações referem-se a desvios em contratos na área da saúde envolvendo organizações sociais. (Foto: Divulgação/PF)

Durante cinco anos, a Polícia Federal manteve sob sigilo relatórios relativos aos protestos de junho de 2013, às manifestações durante a Copa das Confederações e sobre a Jornada Mundial da Juventude.

Após terem sido desclassificados, ou seja, tornado públicos, o jornal O Globo pediu acesso a pouco mais de 30 deles e obteve cópias do material — muitos com informações tarjadas.

São papéis que revelam como a PF mantinha uma rotina de vigilância sobre a agenda de atos de alguns movimentos, mas que também demonstram que o site Wikipedia havia sido usado como fonte de informação nos relatos do Setor de inteligência.

Outro documento, de 17 de julho de 2013, mostra que os policiais se infiltraram também em uma reunião no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), da UFRJ.

Os relatórios permaneceram fora do conhecimento público porque foram classificados como reservados, cujo sigilo é de cinco anos. No documento sobre o IFCS, os policiais relataram informações da reunião na qual se infiltraram, em 16 de julho de 2013.

Era a plenária do Fórum de Lutas e, segundo eles, ali seriam decididas as próximas manifestações na cidade do Rio em virtude da Jornada Mundial da Juventude, que ocorreria na semana seguinte.

Há a descrição de alguns grupos presentes, como representantes do PSTU. Também foi citada nominalmente a presença de uma manifestante do Movimento Estudantil Popular Revolucionário e Nova Democracia.

O nome e a foto dela, no entanto, aparecem tarjados na cópia entregue ao Globo Foram anexados também folhetos distribuídos durante o evento. Em outro documento, é possível verificar que o relatório foi enviado à Coordenação Regional de Grandes Eventos (CRGE).

Outro documento, de 19 junho de 2013, tratou sobre uma outra plenária ocorrida no IFCS no dia anterior. Os policiais reportam que cerca de 600 pessoas se reuniram no salão nobre e lista quem eram os líderes.

Os nomes, no entanto, foram tarjados no material enviado ao Globo. Além disso, os agentes escrevem a informação de que foi divulgado no Facebook o plantão jurídico para o ato. No relatório, foi escrito o nome do advogado que prestava o serviço aos manifestantes, assim como os dado tarjados.

No mesmo documento, os policiais escreveram que traficantes “estavam se infiltrando nas manifestações para a prática de crimes, sobretudo saques, algo que teria ocorrido, inclusive, na última que ocorreu no Centro do Rio de Janeiro”, nas noites de 17 e 18 de junho.

Os relatórios demonstraram ainda a preocupação com a repercussão internacional de ações que poderiam ocorrer durante a Copa das Confederações. Em 14 de junho de 2013, os policiais escreveram que tomaram conhecimento de que traficantes estariam planejando resgatar presos em Magé, na Baixada Fluminense.

“Ações criminosas dessa espécie passam a ter imediata repercussão internacional com potencial de prejudicar a imagem do país, tendo em vista a presença da mídia global realizando a cobertura do evento esportivo”, diz o relatório.

Em outro documento, de 17 de junho, novamente uma análise que levava em conta o que acontecia no exterior. O Setor de Inteligência relatou que, em várias cidades de 15 países, estavam sendo organizados atos de apoio às manifestações no Brasil.

“A repercussão dos protestos no exterior e as manifestações de apoio internacional tendem a influenciar a adesão de mais participantes ao movimento de contestação, com perspectiva de maior intensidade para a manifestação programada para 17 jun. 2013 no Rio de Janeiro/RJ”, diz o relatório.

A PF também monitorou movimentos sociais “com possibilidade de impactar o andamento da Copa das Confederações, sobretudo em relação ao Movimento dos atingidos por barragens, grupos de caminhoneiros e servidores do Departamento Geral de Ações Socioeducativas [Degase]”, conforme diz relatório de 14 de junho de 2013.

Wikipédia

Num outro memorando, também do mesmo dia, a Setor de Inteligência dissertou sobre o que eram os black blocs. É nesse documento que aparece um trecho pesquisado no Wikipedia.

“De acordo com a Wikipedia, os black blocs se diferenciam de outros grupos anticapitalistas por se utilizarem rotineiramente de destruição de propriedade”, diz o relatório de 14 de junho.

Em documento de 18 de junho, o setor de inteligência da PF no Rio diz ter realizado diligências no dia anterior “com o objetivo de monitorar as manifestações populares”.

Os policiais listam quais eram as principais reivindicações escritas nos cartazes. Relata ainda a ação de policiais militares — dizendo que parte deles ficou acuada na Alerj — e manifestantes. A atuação dos policiais foi alvo de muitas críticas na época dos atos.

“Pode ser verificado que o aparato policial para acompanhamento da passeata não estava adequado, uma vez que só havia policiais militares do 5º BPM, possivelmente recrutas, aparentemente sem preparação para esse tipo de situação e sem qualquer apoio para reforço uma vez que ficaram cercados”, diz o documento.

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https://www.osul.com.br/arquivos-da-policia-federal-revelam-como-foi-a-vigilancia-aos-manifestantes-de-junho-de-2013/ Arquivos da Polícia Federal revelam como foi a vigilância aos manifestantes de junho de 2013 2019-12-16
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