Terça-feira, 08 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 7 de abril de 2025
Um a um, muitos dos maiores nomes de Wall Street (a famosa avenida que abriga boa parte do distrito financeiro dos EUA) estão vindo a público se manifestar contra a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor um tarifaço global.
Alguns investidores que apoiaram Trump durante sua candidatura eleitoral no ano passado, e outros que apenas esperavam uma regulamentação mais flexível e crescimento econômico sob seu governo, agora condenam sua política tarifária.
O bilionário e investidor famoso Bill Ackman, fundador da Pershing Square e um apoiador de Trump na corrida eleitoral, alertou no domingo que, se o presidente americano não recuar, os EUA vão mergulhar num “inverno nuclear econômico autoinflingido”.
Em uma publicação no X, Ackman afirmou que “os investimentos das empresas ficarão sob um impasse e os consumidores fecharão suas carteiras” se as novas tarifas entrarem em vigor.
“Nós prejudicaremos gravemente nossa reputação com o resto do mundo, algo que levará anos, e potencialmente décadas, para ser reconstruído”, acrescentou na postagem, que foi visualizada 10,6 milhões de vezes.
Ackman afirmou que as novas tarifas eram “maciças” e “desproporcionais”, acrescentando: “Isso não foi o que votamos.”
Ele pediu uma “pausa” de 90 dias para que Trump pudesse negociar com os parceiros comerciais e “resolver acordos tarifários assimétricos e injustos”:
“Que CEO e qual conselho de administração [de grandes empresas] se sentirão confortáveis em fazer grandes compromissos econômicos de longo prazo em nosso país no meio de uma guerra nuclear econômica?”, disse ele, acrescentando que “o presidente está perdendo a confiança dos líderes empresariais ao redor do mundo”.
Os comentários de Ackman marcam a maior divergência já ocorrida entre um dos principais apoiadores do presidente em Wall Street, que anunciou seu apoio a Trump após o republicano sofrer uma tentativa de assassinato durante sua campanha presidencial em julho do ano passado.
Boaz Weinstein, conhecido gestor de fundos hedge, previu que a “avalanche está apenas começando”.
Jamie Dimon, diretor executivo do JP Morgan, alertou em carta a acionistas do banco que as tarifas ameaçam aumentar os preços, levar a economia global a uma recessão e enfraquecer a posição dos EUA no mundo. Alertou também sobre o risco de uma fragmentação potencialmente devastadora das alianças econômicas de longo prazo dos Estados Unidos.
“Quanto mais rápido essa questão for resolvida, melhor, porque alguns dos efeitos negativos aumentam cumulativamente ao longo do tempo e seriam difíceis de reverter”, escreveu Dimon na carta de segunda-feira.
Embora os comentários não tenham criticado o próprio Trump, eles representam uma mudança em relação ao apoio ou ao silêncio cauteloso que Wall Street tem adotado desde a eleição.
Weinstein, fundador da Saba Capital, disse na sexta-feira que a guerra comercial ameaça acelerar a venda de títulos de dívida corporativos e estimular uma onda de falências. O copresidente da Oaktree Capital, Howard Marks, declarou em uma entrevista à Bloomberg TV na sexta-feira que as últimas tarifas impostas pelo presidente Trump ajudaram a desencadear uma série de fatores incertos — e desconhecidos — que os investidores devem avaliar ao escolher onde aplicar seu dinheiro.
Daniel Loeb, fundador da Third Point, afirmou no X que será um embate “entre o julgamento e a ideologia do governo a maneira como resolverão isso” nos próximos dias.
“Não apoio tarifas superiores a 10%”, escreveu Stanley Druckenmiller, ex-protegido de George Soros e investidor bilionário, em um raro post no X no domingo.
Fundador da Duquesne Family Office, Druckenmiller possui uma fortuna estimada em US$ 11 bilhões.
Enquanto isso, o fundador da SkyBridge Capital, Anthony Scaramucci, postou no X que os EUA estão prestes a ver “uma recessão acentuada iminente”.
Até mesmo Elon Musk — o homem mais rico do mundo e um dos principais aliados de Trump — afirmou no domingo que espera uma “situação de tarifa zero” entre a Europa e os EUA. Em uma conversa por vídeo com o vice-primeiro-ministro da Itália, Matteo Salvini, Musk disse que gostaria de ver a criação de uma verdadeira “zona de livre-comércio” entre a Europa e a América do Norte. As informações são do jornal O Globo e de agências internacionais de notícias.