Acompanhar os ventos de arte na Vila Flores proporciona múltiplas emoções pelo ambiente antiguinho do bairro Floresta e a originalidade do pavilhão, quase sempre combinando com o ineditismo das coleções expostas. Foi a sensação experimentada no vernissage da última sexta-feira, acrescido da agradável surpresa com as obras de Lairton Rezende, apresentadas postumamente com o título “Nós/noz”.
O artista autodidata, a partir da expressão “Nós na Fita”, criou uma coleção de trabalhos em que o tom divertido se faz notar com talento e acabamento preciso. A curadoria é de Amanda Teixeira, filha do artista, e de Pedro Cupertino, que somam qualidade na montagem.
Os inúmeros trabalhos de Rezende, cujo auto-retrato de engenhosa elaboração faz parte do painel de apresentação da mostra, incluem assamblages que atraem pela criatividade e, vale repetir, com muito humor. Gostei de percorrer o pavilhão, e voltarei lá.
Os devotos de Nossa Senhora Desatadora de Nós terão oportunidade de ver as inúmeras interpretações propostas pelo artista, que sem irreverências, comprovam sua sensibilidade e gosto apurado nas várias imagens.
Ao chegar, comentei com a filha, Amanda, que gostaria de ter convivido com Rezende, mas no decorrer da visita tive a sensação de perceber toda a delicadeza e requinte, sem caretice, que seguramente caracterizaram sua personalidade. A mostra pode ser conferida até 24 de março, e é imperdível.