A prática do tai chi chuan, uma arte marcial chinesa que proporciona benefícios para o corpo e a mente, pode auxiliar no controle dos sintomas do Parkinson, condição degenerativa do sistema nervoso central que é crônica e progressiva. Segundo estudo de cientistas chineses, publicado no Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, a prática contribui para a redução da necessidade de medicamentos.
Pesquisas anteriores já haviam demonstrado efeitos benéficos da arte marcial a curto prazo. Uma delas, realizada no Oregon Research Institute, nos Estados Unidos, durou seis meses e constatou ganhos no equilíbrio em comparação com quem fazia alongamentos ou treinos de força.
Já o novo estudo buscou esclarecer os benefícios do tai chi chuan ao longo de um extenso período. Para isso, foram acompanhados 330 pacientes no mesmo estágio da doença, divididos em dois grupos, por cerca de três anos. Do total, 143 participantes praticavam a arte marcial duas vezes por semana, enquanto o restante não se envolvia em atividade física regular, servindo como grupo controle. Todos foram avaliados anualmente entre 2019 e 2021 por meio de testes que abordavam aspectos como equilíbrio, capacidades motora e cognitiva.
No final do estudo, o grupo que praticava a técnica oriental teve um retardamento na progressão dos sintomas motores, além de menos perda de tônus, tonturas, quedas e sintomas não motores, como problemas de sono e alucinações. Além disso, demonstraram uma menor perda cognitiva e uma menor necessidade de uso de medicamentos.
Equilíbrio
Segundo o neurologista André Felício, do Hospital Israelita Albert Einstein, exercícios que melhoram equilíbrio, postura, controle corporal, respiração e alongamento são sabidamente benéficos para esses pacientes – como também é o caso da fisioterapia convencional, das técnicas de pilates, ioga e meditação.
Porém, ainda é cedo para dizer que o tai chi chuan atrasa o desenvolvimento da doença. “Os estudos sugerem que manter um tripé atividade físicacognitiva-social tem evidências positivas sobre desfechos motores e não motores, como sono, humor e cognição, no Parkinson. Se essa condição for menos grave, naturalmente essas pessoas usarão menos remédios”, afirma. Por isso, os autores da pesquisa só dizem que a arte marcial pode ajudar a melhorar a qualidade de vida dos pacientes.