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Mundo As 5 dúvidas que persistem sobre a varíola dos macacos

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Muitas dúvidas ainda permanecem, em questões que são cruciais para saber até que ponto a epidemia pode ser contida

Foto: Reprodução
Muitas dúvidas ainda permanecem, em questões que são cruciais para saber até que ponto a epidemia pode ser contida. (Foto: Reprodução)

Os primeiros casos da varíola dos macacos fora do continente africano, onde o vírus monkeypox é endêmico, foram registrados no início de maio. Desde então, após o aumento exponencial de pessoas infectadas nos últimos meses, o surto atual da doença é melhor compreendido. No entanto, muitas dúvidas ainda permanecem, em questões que são cruciais para saber até que ponto a epidemia pode ser contida.

Confira 5 pontos que os cientistas ainda buscam desvendar sobre o vírus.

É um vírus novo?

A varíola dos macacos já era uma doença conhecida há décadas em uma dezena de países africanos. Entre seus sintomas estão a febre e as famosas lesões corporais, como bolhas.

Porém, a novidade é que neste ano ela se espalhou para outros continentes, elevando de forma exponencial o número de casos, que hoje supera os 35 mil. Além disso, também foram registradas as primeiras mortes pela doença em regiões não endêmicas, a primeira delas tendo sido no Brasil, em Minas Gerais.

O perfil dos infectados também mudou. Trata-se principalmente de homens adultos que mantêm relações sexuais com outros homens, em contraste com o que acontecia na África, onde a doença afetava principalmente crianças.

O vírus mudou por meio de mutações?

— Examinando o genoma, vemos que existem de fato algumas diferenças genéticas — disse a Organização Mundial de Saúde (OMS) na última semana. — Mas não sabemos nada sobre a importância dessas alterações genéticas e há pesquisas em andamento para estabelecer as (possíveis) consequências dessas mutações na transmissão e gravidade da doença.

Varíola dos macacos é sexualmente transmissível?

Os pesquisadores hesitam em classificar a varíola dos macacos como uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), mas está comprovado que os contágios atuais estão principalmente ligados às relações sexuais.

Esta conclusão, apoiada por vários estudos baseados em centenas de casos, mina a hipótese de um papel importante para a transmissão aérea. Também questiona a necessidade de manter os infectados em quarentena, como é feito em vários países.

O vírus é transmitido simplesmente pela intimidade física durante a relação sexual? – já que o contato pele com pele é uma via conhecida de contaminação – ou o patógeno é disseminado também pelo sêmen e outros fluidos genitais?

Transmissão para os animais é um risco?

Originalmente, a varíola dos macacos foi identificada como uma doença transmitida principalmente aos seres humanos por meio de animais, especialmente roedores. Embora tenha recebido esse nome pelo vírus ter sido isolado pela primeira vez numa espécie de primata, os macacos não são conhecidos por carregarem a doença.

Agora, o alto nível de transmissão de pessoa para pessoa, responsável pela disseminação atual do vírus, é uma característica nova. Antes, a OMS considerava essa via de transmissão “rara”. Porém, ainda resta saber se os humanos podem transmitir a doença de volta para os animais, e para espécies que não carregavam o microrganismo.

A questão não é anedótica, pois os animais podem constituir um reservatório de contaminação no qual o vírus pode continuar evoluindo de maneira potencialmente perigosa – o que tornaria o combate à doença mais difícil.

Um estudo de caso, publicado na revista científica The Lancet, descreveu recentemente a primeira infecção de humanos para um cachorro. Mas até agora é um caso único e, segundo a OMS, o perigo seria que o vírus fosse transmitido a animais selvagens.

— É através do processo de um animal infectar o próximo e o próximo e o próximo que vemos a rápida evolução do vírus — disse Michael Ryan, especialista da OMS, na última semana.

Pessoas sem sintomas transmitem?

Ainda não se sabe até que ponto pessoas contaminadas com o vírus, mas sem sintomas, podem transmitir a doença. Um estudo realizado na França, e publicado na revista Annals of Internal Medicine, registrou uma infecção em alguns pacientes assintomáticos, mas sem determinar se eram transmissíveis.

Esse é um “motivo adicional” pelo qual temos que considerar a varíola dos macacos “como um problema de saúde pública”, afirma Stuart Isaac, pesquisador independente do estudo.

As vacinas disponíveis são eficazes?

Diversos países iniciaram campanhas de vacinação, mas as vacinas contra a varíola, utilizadas para erradicar a doença nos anos 1980, não foram desenvolvidas especificamente para combater a varíola dos macacos.

Portanto, seu nível de eficácia permanece incerto, embora não reste dúvidas de que fornece certo nível de proteção. Isso porque a varíola tradicional e a varíola dos macacos fazem parte de uma família de vírus que confere proteção cruzada, isto é, a imunidade adquirida contra um patógeno protege para o outro.

A OMS estima que os imunizantes disponíveis apresentam cerca de 85% de eficácia para o vírus monkeypox, embora faltem dados específicos. Mas há sinais promissores no Reino Unido, primeiro lugar a relatar casos da doença e a iniciar a campanha de vacinação, onde parece que a epidemia está desacelerando. As autoridades britânicas acreditam que a vacina “deve ter um efeito significativo na transmissão do vírus”.

No Brasil, o Ministério da Saúde espera receber as primeiras doses negociadas por meio da Organização Pan-americana de Saúde (Opas) em setembro, que serão destinadas aos profissionais da saúde.

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