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As apostas eletrônicas já são o destino de parte da renda de mais de 40% da população vulnerável no Brasil em 2024

As apostas parecem uma solução de dinheiro fácil para pagar dívidas, mas acaba virando uma bola de neve. (Foto: Reprodução)

As apostas eletrônicas aparecem como destino de parte da renda de mais de 40% da população vulnerável no Brasil em 2024. É o que aponta um levantamento realizado pelo Plano CDE, especializada em avaliações de impacto nas famílias que compõem as classes C,D e E, e apresentado durante evento de finanças do G20 realizado na quarta-feira (25) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Banco Central, no Rio de Janeiro.

De acordo com o diretor-executivo da instituição, Maurício Prado, apostar nas “bets” aparece em segundo lugar no estudo que leva em conta o comportamento de risco adotado pelos brasileiros de baixa renda que precisam de dinheiro com rapidez. A tomada de crédito, em destaque os empréstimos, encabeça a lista entre as opções utilizadas para o pagamento de dívidas.

“O consumo impulsivo por parte dos brasileiros mais vulneráveis parte do seguinte comportamento: eles evitam sair de casa porque é muito caro e se entretêm com televisão e celular, onde as casas de apostas estão por toda parte. Parece uma solução de dinheiro fácil para pagar dívidas, mas acaba virando uma bola de neve”, explica Prado, que cita ainda a criação de empresas e emergências como motivos para o endividamento dessa parcela da população.

Para ele, só agora o governo e as instituições estão começando a entender a magnitude do problema das apostas. “Quando se precisa de dinheiro rápido, não existe essa história de organização financeira, pensar no próximo ano. Eles querem saber da próxima semana, do dia seguinte. É preciso, antes de tudo, entender o fluxo desse dinheiro.”

Segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central, os beneficiários do Bolsa Família gastaram cerca de R$ 3 bilhões em “bets” via Pix só em agosto. O gasto médio ficou em R$ 100. Dos 5 milhões de apostadores, 70% são chefes de família.

“Temos que ter cuidado para não sermos paternalistas, nem julgarmos essas pessoas. Elas têm mais contas para pagar do que dinheiro, então é uma grande pressão. As dívidas podem trazer mais dívidas, fazem isso por desespero. Por isso acredito na regulação como primeiro grande passo para frear esses números”, afirma Prado.

O evento foi de 25 a 27 de setembro no Rio e marca a abertura da 3º e última plenária da Parceria Global para Inclusão Financeira (Global Partnership for Financial Inclusion – GPFI). O GPFI é um fórum do G20 para troca de experiências entre países e organismos internacionais para melhorar o acesso da população mundial a serviços financeiros. As informações são do jornal Valor Econômico.

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