Terça-feira, 07 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de janeiro de 2025
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT), disse considerar ínfimas as chances de a Casa analisar neste ano o texto que prevê anistia aos golpistas por envolvimento nos atos de 8 de Janeiro. Na ocasião, extremistas depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.
O texto é considerado vital para reabilitar politicamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), inelegível por oito anos.
Pesa contra a articulação de bolsonaristas, segundo o petista, as revelações feitas pela Polícia Federal no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Guimarães afirmou, em entrevista à rádio Opinião (CE), que o debate em torno da proposta ficou “muito reduzido” após vir à tona o plano para assassinar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
“Quando aconteceu a tentativa de golpe, se fosse só aquilo, até construiriam um movimento forte para aprovar a anistia, mesmo com nossas manifestações contrárias. Tinha certo espaço para isso”, observou o parlamentar.
“Mas vieram os fatos subsequentes, as prisões do [Mauro] Cid, do general Braga Neto, o plano para tirar a vida do presidente. Então, o espaço para debater e aprovar isso está muito reduzido”, acrescentou Guimarães. “Não vejo nenhum espaço para isso e nem acho que o presidente da Câmara vá colocar isso para votar”.
A decisão de pautar o assunto para votação na Casa caberá ao sucessor de Arthur Lira (PP-AL) na presidência. O deputado que tem mais apoio para ser eleito ao posto, em fevereiro, é Hugo Motta (Republicanos-PB). No ano passado, Lira criou uma comissão especial para analisar o projeto, mas a ideia sequer saiu do papel.
Articulação
Segundo o novo líder da oposição na Câmara, Zucco (PL-RS), a pressão pela anistia continuará em 2025. Em dezembro, o deputado disse que o apoio da oposição à eleição de Motta está baseado na pauta da anistia.
“Vamos trabalhar, em 2025, o que foi apalavrado em relação à anistia. E, inclusive, a oposição está apoiando a candidatura em cima do que foi apalavrado em relação à anistia”, disse Zucco, ao ser anunciado novo líder do bloco.
No Senado, Bolsonaro também articula para recolocar o tema em pauta. O ex-presidente ressaltou que, em troca do apoio a Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), o PL negocia ficar com a 1ª vice-presidência do Senado, cargo que pode ajudar na aprovação do projeto da anistia.