Atos violentos abalaram o centro de Paris neste sábado, após um protesto pela morte a tiros, na sexta-feira (16), de três pessoas de origem curda em um restaurante e centro comunitário curdo. Dois homens e uma mulher foram mortos a tiros, e outros três homens ficaram gravemente feridos. O atirador foi imobilizado por várias pessoas em um salão de cabeleireiro próximo ao local do crime. A polícia chegou momentos depois e prendeu o aposentado.
Os confrontos no protesto começaram na sexta-feira, entre a polícia e um grupo que se reuniu no local após o ataque. As imagens mostraram incêndios na rua e alguns manifestantes quebrando vidros de carros. Os oficiais da unidade de choque da polícia responderam disparando gás lacrimogêneo quando um grupo tentou romper o cordão de segurança.
Alguns manifestantes viraram carros, enquanto outros incendiaram veículos. Eles também jogaram objetos contra os policiais. A violência aumentou novamente no sábado, depois que centenas de curdos se reuniram pacificamente na Place de la République para prestar homenagem às três vítimas.
Centro cultural
O ataque da sexta-feira ocorreu em um centro cultural curdo e em um restaurante na Rue d’Enghien, no 10º arrondissement de Paris. Um homem de 69 anos suspeito de disparar os tiros descreveu a si próprio como um racista que odiava os estrangeiros, disse uma fonte policial à agência de notícias AFP.
A polícia deteve o suspeito que não resistiu e teria recuperado a arma usada no ataque. Os promotores disseram que uma investigação foi aberta. O sujeito, que está sendo interrogado pelas autoridades, havia sido liberado recentemente por outro ataque, que ocorreu em 2021 e foi feito em um acampamento de imigrantes.
Segundo as autoridades francesas, “a motivação racista” foi adicionada à investigação, que inclui assassinatos, tentativas de homicídio, violência com arma de fogo e violação da legislação sobre o porte de armas. Segundo o Ministério Público, ao ser interrogado, o aposentado francês de 69 anos afirmou ser racista.
Violência
“Estávamos andando na rua e ouvimos tiros”, disse uma testemunha, Ali Dalek, à BBC. “Nós nos viramos e vimos pessoas correndo. E então, cinco ou seis minutos depois, entramos em um salão de beleza onde conhecemos pessoas que trabalham e vimos que um homem havia sido preso”, contou.
Outra testemunha, uma comerciante, disse à AFP que se trancou no local. Ele afirmou ter ouvido sete ou oito rajadas de tiros.
O ataque ocorreu a poucos dias do aniversário de uma data simbólica para a comunidade curda na França. Na madrugada de 10 de janeiro de 2013, três militantes próximas do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), movimento classificado como terrorista por vários países ocidentais e pela Turquia, foram mortas a tiros no 10° distrito de Paris pelo turco Omer Güney. Ele foi preso e morreu três anos depois devido a um tumor no cérebro, antes do início de seu julgamento.