Quinta-feira, 09 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de novembro de 2020
Após quase 50 anos em cargos públicos e uma vida inteira de ambições presidenciais, o democrata Joe Biden conquistou a Casa Branca. Não foi uma campanha que correu em condições normais, mas em meio à maior pandemia da história recente e uma agitação social sem precedentes. Seu rival na disputa, Donald Trump, era também um candidato não convencional.
Em sua terceira tentativa de chegar à presidência, Biden e sua equipe encontraram uma maneira de contornar os obstáculos políticos e reivindicar uma vitória que, embora estreita na contagem do colégio eleitoral, deve ultrapassar o total nacional geral de Trump em milhões de votos. A seguir, cinco razões pelas quais o filho de um vendedor de carros de Delaware chegou à presidência dos Estados Unidos.
1) Covid
Talvez o maior motivo de Biden ter conquistado a presidência tenha sido algo totalmente fora de seu controle. A pandemia de coronavírus, além de ceifar mais de 230 mil vidas, também transformou a vida e a política americana em 2020. E nos dias finais da campanha para as eleições gerais, o próprio Donald Trump parecia reconhecer isso.
A pandemia teve um peso importante nos índices de aprovação de Trump, que, de acordo com a Gallup, outro instituto de pesquisa, caiu para 38% em determinado momento no verão — algo que a campanha de Biden soube explorar.
2) Campanha discreta
Ao longo de sua carreira política, Biden estabeleceu uma reputação bem merecida por se meter em apuros. Sua propensão para gafes descarrilou sua primeira campanha presidencial em 1987 e ajudou a garantir que ele nunca tivesse muitas chances quando concorreu novamente em 2007.
Em sua terceira tentativa para conquistar a Casa Branca, Biden ainda teve sua cota de tropeços verbais, mas foram tão raros que nunca se tornaram mais do que um problema de curto prazo. A campanha do democrata procurou, então, deixá-lo fora do circo armado por Trump e deixar o republicano ser traído pela própria língua — estratégia que, no final, valeu a pena.
3) Qualquer um, exceto Trump
Na semana anterior ao dia das eleições, a campanha de Biden revelou seus anúncios finais na televisão com uma mensagem notavelmente semelhante à oferecida em sua campanha inicial no ano passado, e seu discurso de aceitação da indicação à corrida presidencial em agosto.
A eleição foi uma “batalha pela alma da América”, disse ele, e uma chance para o país deixar para trás o que ele caracterizou como a divisão e o caos dos últimos quatro anos.
Por trás desse slogan, no entanto, havia um cálculo simples. Biden apostou sua sorte política na afirmação de que Trump era muito polarizador e inflamado, e o que o povo americano queria era uma liderança mais calma e estável.
4) Manter-se no centro
Durante a campanha para ser o candidato democrata, a competição de Biden veio de sua esquerda, com Bernie Sanders e Elizabeth Warren, que dirigiram campanhas bem financiadas e organizadas que mobilizaram multidões.
Apesar da pressão de seu flanco liberal, Biden manteve uma estratégia centrista, recusando-se a apoiar a saúde pública subvencionada pelo Estado, a educação universitária gratuita ou um imposto sobre grandes fortunas. Isso lhe permitiu maximizar seu apelo aos moderados e republicanos insatisfeitos durante a campanha para as eleições gerais.
Essa estratégia se refletiu na escolha de Kamala Harris por Biden como sua companheira de chapa, quando ele poderia ter optado por alguém com maior apoio da ala esquerda do partido.
5) Mais dinheiro, menos problemas
No início deste ano, os cofres da campanha de Biden estavam vazios. Ele entrou na campanha para as eleições gerais em desvantagem decisiva para Trump, que havia passado praticamente toda a sua presidência acumulando um baú de guerra de campanha que se aproximou de 1 bilhão de dólares.
De abril em diante, no entanto, a campanha de Biden se transformou em um rolo compressor de arrecadação de fundos e — em parte por causa da extravagância por parte da campanha de Trump — acabou em uma posição financeira muito mais forte do que seu oponente.