Provavelmente, alguma vez você já se sentiu tonto ao sentar ou ficar de pé bruscamente – principalmente se isso aconteceu em um dia de muito calor. Episódios momentâneos de tontura são comuns e normais, mas há situações em que o sintoma pode ser um sinal de alerta para algo mais grave. Por isso, é importante procurar um médico, se a instabilidade se tornar frequente. “Tonturas são a terceira queixa mais comum em consultórios e ambulatórios. Só perdem para dor e febre”, diz o clínico geral Marco Aurélio Chame.
De acordo com o especialista, tontura é um termo vago, que pode se referir a sensações de atordoamento, cabeça leve, instabilidade, queda iminente, flutuação e impossibilidade de andar em linha reta (desvio da marcha).
“A tontura é a sensação de alteração do equilíbrio corporal, sem caráter rotatório. Já a vertigem é um tipo de tontura, com a impressão de que o corpo ou os objetos ao redor estão girando”, esclarece a neurologista Carla Jevoux.
Segundo a especialista, o primeiro procedimento para o diagnóstico é submeter o paciente a exame de sangue com pesquisa de hormônios, gordura e glicose. A investigação da coluna cervical e de enxaquecas também é necessária.
O equilíbrio é mantido por três órgãos: olhos, labirinto (parte da orelha interna) e cerebelo (região do cérebro que permite a propriopercepção, ou seja, a percepção do organismo em relação ao espaço). Alterações em qualquer um desses sistemas podem causar tonturas.
Pesquisas já demonstraram que as tonturas afetam mais o sexo feminino: são duas mulheres para cada homem atingido. As crises podem ocorrer desde a infância até a terceira idade, sendo mais comuns entre 40 e 80 anos. Já as tonturas associadas a zumbidos aumentam a partir dos 75 anos.
Veja dez causas da tontura:
Pouco açúcar no sangue
A glicose é o combustível do labirinto. Na falta dela, pode haver instabilidade. A situação ocorre, sobretudo, com quem come muito açúcar: o organismo joga insulina demais no sangue e ocorre a hipoglicemia. Controlar a ingestão de doces e se alimentar de três em três horas resolve o problema.
Anemia
A falta de ferro suficiente para produzir hemoglobina (proteína que transporta nutrientes no sangue) pode dificultar a chegada do oxigênio ao cérebro.
Doenças do labirinto
A sensação típica de ter vertigem, Doença de Menière, neuronite vestibular e vertigem postural paroxística são problemas causadores de tonturas.
Enxaquecas
A doença pode produzir alterações no labirinto nas crises ou intercrises. A tontura é um sintoma da enxaqueca para adultos, ao passo que, para as crianças ela é a própria enxaqueca, que ainda não se manifesta com dor.
Colesterol alto e doenças metabólicas, como hipotireoidismo, hipertireoidismo e diabetes
Alterações nas quantidades de hormônios, glicose ou gorduras deixam o sangue mais espesso. Assim, quando ele passa pelo labirinto, o equilíbrio é afetado.
Uso de medicamentos
Tonturas estão entre as reações adversas de ácido acetilsalicílico, diuréticos, alguns anti-inflamatórios e antibióticos, benzodiazepínicos e ansiolíticos. Todos são tóxicos para o labirinto.
Problemas de visão
Breves rotações ou translações da cabeça fazem com que os olhos se movam na direção oposta para que a imagem na retina permaneça estabilizada. Se qualquer condição prejudicar essa tentativa de equilíbrio, a pessoa se sente tonta. Estrabismos, que podem gerar visão dupla, e anisometropias (diferenças de grau entre os dois olhos) não corrigidos podem causar tonturas principalmente em crianças.
Hipertensão ou hipotensão
Alterações na pressão arterial podem atrapalhar a irrigação do cérebro ou alterar o fluxo sanguíneo no labirinto.
Alterações na coluna cervical
A adoção de posturas de defesa pode alterar a circulação do sangue na artéria labiríntica, o que prejudica um dos órgãos responsáveis pelo equilíbrio.
Arritmias
O aumento da frequência cardíaca diminui o aporte sanguíneo em direção ao cérebro. Já a redução do ritmo do coração faz a pressão cair, o que também altera a vascularização dos órgãos responsáveis pelo equilíbrio. (AG)