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As empresas esperam um aumento da produção e preveem a contratação de empregados nos próximos três meses

Com mais esse resultado negativo, o setor passou a acumular queda de 2,2% no ano. (Foto: Agência Brasil)

A confiança da indústria cresceu neste mês puxada pela melhora das expectativas, depois de patinar durante todo o segundo semestre do ano passado. Segundo a sondagem realizada pelo Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), o indicador subiu 2,6 pontos, para 98,2 pontos de dezembro para janeiro, feito o ajuste sazonal. Em janeiro do ano passado, o índice de confiança da indústria de transformação marcava 100,6 pontos.

As empresas esperam aumento da produção e preveem contratação de empregados nos próximos três meses, sinais que não estavam presentes nas sondagens dos meses anteriores. Em um horizonte mais longo, de seis meses, o indicador de tendência de negócios atingiu 108 pontos, o maior nível desde abril de 2013, antes da recessão portanto.

“Nas perguntas sobre os próximos três meses, as empresas informam que encomendas estão sendo feitas por clientes e que esperam contratar. A pergunta de seis meses sobre a situação dos negócios é mais vaga, mas diz muito sobre o otimismo do setor”, afirma Aloisio Campelo, superintendente de Estatísticas Públicas do Ibre-FGV.

Mas, enquanto a indústria espera dias melhores no futuro próximo, a situação atual dos negócios é menos alentadora. A ociosidade aumentou pelo quarto mês seguido e está acima de 25%. O Nuci (nível de utilização da capacidade instalada) atingiu 74,3% em janeiro. O indicador de situação atual cresceu 1 ponto, para 97, bem menos que o de expectativas, alta de 4,3 pontos, para 99,5 pontos. Os estoques aumentaram. “O Nuci gera dúvidas sobre se a produção teve outro mês fraco e o indicador de situação atual aponta que o setor tem andado devagar”, diz Campelo.

Outro ponto de atenção sobre a situação corrente envolve os estoques. Há uma fatia maior que o normal de empresas com estoques mais altos que o desejado. “Não é nada grave, mas este pode ser um fator a segurar a recuperação da produção”, diz o economista. A piora nesse quesito vem desde o segundo semestre do ano passado, quando o percentual das empresas que informaram estoques excessivos esteve acima de 10%, um nível considerado crítico. No primeiro semestre, a média foi de 8%, se excluído o mês de junho, após a greve dos caminhoneiros. Incluído junho, a média sobe para 9%. A partir de setembro, o índice sempre ficou acima de 11% e em janeiro atingiu 11,3%. “É um fator que reduz o potencial de crescimento da produção”, diz Campelo.

Assim, a sondagem traz fatores bons e ruins. Uma indicação mais clara sobre os rumos da indústria de transformação deve exigir mais algumas pesquisas. “O setor ainda está cauteloso”, afirma Campelo, observando que todos os indicadores, de confiança, de expectativas e de situação atual seguem abaixo do nível neutro de 100.

Entre os segmentos, os que registram maior nível de confiança são o de veículos, informática e máquinas e equipamentos. “São setores que foram muito prejudicados pela crise e agora são puxados pelas expectativas de aumento do consumo interno”, diz Campelo. A recessão na Argentina, que teve forte impacto sobre as exportações de veículos em 2018, é um fator que parece ter sido absorvido nas expectativas do setor.

A confiança da indústria metalúrgica e a da têxtil também estão acima daquela da indústria total. Entre os que têm confiança mais baixa, estão vestuário, outros equipamentos de transporte (que inclui caminhões, ônibus e aviões), material de construção farmacêutico, celulose e papel, limpeza e perfumaria e material elétrico (inclui eletrodomésticos da linha branca).

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