Um relatório do governo do Rio Grande do Sul aponta que as exportações gaúchas no setor do agronegócio totalizaram US$ 3,2 bilhões entre julho e setembro deste ano. O resultado, que representa uma alta de 5,7% em comparação com o terceiro trimestre de 2018, foi alavancado pelos segmentos de carnes (61,7%), fumo (45,5%) e produtos florestais (69,4%). Já a soja, considerada o principal item da pauta estadual de vendas externas, apresentou queda de 16,1%.
Os dados fazem parte do estudo “Indicadores do Agronegócio no RS: Exportações e Emprego formal”, elaborado pelo DEE (Departamento de Economia e Estatística) da Seplag (Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão) e divulgado na manhã dessa quarta-feira.
Conforme o documento, a demanda chinesa segue como principal fator de impacto na variação das exportações do Rio Grande do Sul. Afetado pelo registro da peste suína africana, o rebanho doméstico de suínos do país asiático sofreu forte redução, o que impactou diretamente nos números do Estado.
“A queda da necessidade de soja para alimentação de suínos na China aumentou sua demanda externa por proteínas animais, o que favoreceu as vendas do Rio Grande do Sul”, explicou o economista Sergio Leusin Jr, um dos responsáveis pelo relatório. “No período analisado, as exportações gaúchas de carnes para o país asiático alcançaram o maior nível trimestral da série histórica.”
A redução nas vendas de soja também é explicada pela condição atípica do terceiro trimestre de 2018, quando a tensão comercial entre China e Estados Unidos e a quebra na produção argentina da oleaginosa beneficiaram as vendas dos produtores gaúchos.
O gigante asiático é o principal responsável pela elevação nas importações de fumo (774%) e de produtos florestais, em especial a celulose, que registrou alta de 184% no período, puxada pela demanda também por parte dos países da União Europeia.
Principais destinos
China (49,8%), União Europeia (15,6%) e Estados Unidos (4,1%) mantém o status de principais destinos das exportações do agronegócio do Rio Grande do Sul. Em seguida aparecem a Arábia Saudita (3,1%), Irã (2,5%), Argentina (1,7%) e Coreia do Sul (1,4%). No acumulado do ano, as vendas externas gaúchas somaram US$ 8,4 bilhões, redução de 7,8% em relação a igual período de 2018.
O total é influenciado pela queda nos embarques do complexo soja, com redução de US$ 1,7 bilhão ou 35,3% na comparação com igual período de 2018. Na contramão do movimento geral de queda das exportações, os setores de produtos florestais (mais 483,8 milhões; + 58,8%) e fumo (mais US$ 334,9 milhões; + 33,3%) registraram as maiores altas nas vendas.
Emprego formal
Fruto da sazonalidade característica do período, o número de trabalhadores com carteira assinada no agronegócio registrou queda no terceiro trimestre. Entre julho e setembro, o saldo de empregos foi negativo em 9.054 postos de trabalho, resultado da diferença entre as admissões (32.515) e os desligamentos (41.569). No mesmo período de 2018 a perda foi de 6.750 empregos.
A agroindústria foi o principal segmento responsável pela redução no número de vagas, com destaque negativo para o setor de produtos do fumo, que teve o fechamento de 9.358 postos de trabalho, fruto da finalização do beneficiamento da matéria-prima colhida na safra anterior. O destaque positivo na criação de empregos no trimestre é a produção das lavouras temporárias (715 vagas adicionais), entre elas as de cereais e a soja.
No acumulado entre janeiro e setembro, foram criados 647 empregos com carteira assinada no agronegócio, ante o saldo positivo de 4.163 vagas no mesmo período de 2018. Neste ano, o destaque na geração de oportunidades foi na fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários (1.121 postos). Nos últimos 12 meses, entre outubro do ano passado e setembro de 2019, o saldo é de 449 vagas no mercado formal de trabalho do agronegócio.
“Um setor a ser monitorado com atenção é o fabricante de máquinas agrícolas, que após um primeiro semestre de expectativas favoráveis, tem se defrontado com um mercado interno menos demandante e sofrido com a redução da demanda argentina. Para o restante do ano, com o avanço da safra das culturas de verão, a tendência é de aumento da criação de postos de trabalho na agropecuária”, destacou o analista do DEE, Rodrigo Feix.
(Marcello Campos)