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Economia As falas de Lula realmente estão fazendo o dólar subir? Entenda

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Os documentos foram produzidos a partir do monitoramento do petista por décadas por vários órgãos do governo norte-americano. (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Um grande momento de indefinição — no Brasil e no resto do mundo.

É assim que economistas e analistas de mercado estão vendo a economia, o que explica as grandes oscilações no mercado brasileiro vistas nos últimos dias.

Mas o que explica esse cenário? Entenda a seguir os motivos que explicam a forte desvalorização do real.

Banco Central

No último mês, Lula fez críticas fortes ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto:

Em 18 de junho, Lula disse: “Nós só temos uma coisa desajustada no Brasil nesse instante: é o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Um presidente do Banco Central que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país que para ajudar o País”.

Em 28 de junho, afirmou: “A taxa de juros de 10,50% é irreal para uma inflação de 4%. Isso vai poder melhorar quando eu puder indicar o presidente [do Banco Central]”.

Na segunda-feira (1º), Lula voltou às críticas: “O que você não pode é ter um Banco Central que não está combinando adequadamente com aquilo que é o desejo da nação. Não precisamos ter política de juro alto neste momento, a taxa Selic a 10,5% está exagerada”.

Desde a primeira fala de Lula, o dólar já subiu mais de 4% — passando de R$ 5,44 para mais de R$ 5,64.

Mas qual é a relação entre as falas de Lula e tensões no mercado financeiro?

O problema central envolve a definição da taxa de juros da economia brasileira — a Selic.

Esse juro — atualmente em 10,5% ao ano — define quanto custa para pessoas e empresas tomarem empréstimos para consumir ou investir nos seus negócios.

O juro básico tem enorme repercussão na economia, porque acaba influenciando em todos os preços e nas expectativas futuras de inflação.

Quem define a taxa de juro básica da economia é o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central.

E existe uma diferença de opiniões entre Lula e o Copom. Lula quer que o juro seja mais baixo — o que permitiria crescimento maior da economia, potencialmente gerando mais empregos e renda.

O Copom vinha cortando a taxa de juros quase que mensalmente, como quer Lula, alegando que a economia estava dando sinais de melhora. Mas em junho, o Copom manteve a taxa inalterada, em 10,5%, interrompendo uma trajetória de queda que já durava um ano.

O Comitê acredita que é preciso manter a taxa neste nível para evitar a alta da inflação. O efeito colateral disso seria queda no rendimento real das pessoas e aumento da desigualdade.

Essa diferença de opiniões sobre os juros é marcada por duas questões políticas.

A primeira delas é a autonomia do Banco Central. O presidente da República não tem poderes para demitir o presidente do Banco Central. Roberto Campos Neto foi indicado pelo antecessor de Lula, Jair Bolsonaro, e seu mandato acaba apenas no final deste ano.

O segundo problema é que Lula acusa Roberto Campos Neto de atuação política.

Problemas fiscais

Outra pergunta que é feita nos mercados é: os juros deveriam parar de cair no Brasil? Por que eles não seguem na sua trajetória de queda?

Afinal de contas, alguns bancos estão revisando para cima as projeções de crescimento do Produto Interno Bruno (PIB) para este ano (para cerca de 2,5%) e o desemprego também está em queda. Em maio, a taxa caiu para 7,1% — a menor para o mês em dez anos.

Com a economia se mostrando levemente mais forte, seria de se esperar que os juros brasileiros também caíssem. Mas o Copom afirma em sua ata que existe um risco de a inflação voltar a subir no Brasil.

Economistas dizem que há mais dúvidas sobre a capacidade do governo brasileiro de produzir superávits fiscais — ou seja, de gastar menos do que arrecada e manter um equilíbrio fiscal.

Para Victor Gomes, professor da UnB, um dos problemas são as desonerações — uma política de 2012 em que alguns setores produtivos eram beneficiados com renúncias fiscais.

Outro problema doméstico que aumenta a perspectiva de inflação é a própria alta do dólar registrada nesses meses. Com o real desvalorizado, sobem os preços dos produtos importados — aumentando a inflação interna.

EUA

A desvalorização da moeda nacional frente ao dólar não é um problema brasileiro.

A valorização do dólar é uma tendência mundial este ano. Tudo passa pela inflação americana, que não dá sinais de que está se desacelerando.

O ano de 2024 começou com a expectativa de que a inflação nos EUA e na Europa caísse — dando fim ao maior ciclo de alta de inflação e juros em quatro décadas. Seria o fim da crise econômica provocada pela pandemia, e o começo de uma retomada mundial.

Mas isso não se confirmou. A inflação nos Estados Unidos seguiu em alta — e, no mês, passado o Federal Reserve (o Banco Central americano) já sinalizava que cortaria os juros básicos da sua economia apenas uma vez neste ano.

Desde que os americanos passaram a subir seus juros, a cotação está mais próxima ou acima dos R$ 5 e nunca mais voltou.

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https://www.osul.com.br/as-falas-de-lula-realmente-estao-fazendo-o-dolar-subir-entenda/ As falas de Lula realmente estão fazendo o dólar subir? Entenda 2024-07-06
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