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As pedras nos caminhos de Bolsonaro e Fernando Haddad

Candidatos do PSL e PT disputarão o segundo turno no dia 28. (Fotos: Reprodução)

O candidato do PSL ao Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro, ficou próximo de comemorar a vitória no primeiro turno. Se aqueles que votaram em Geraldo Alckmin (PSDB), por exemplo, tivessem depositado confiança no capitão reformado do Exército, a eleição já estaria faturada. Acontece que nem todos os antipetistas, isso ficou provado após a apuração, morrem de amores por Bolsonaro. Muitos desconfiam de seu discurso raivoso, de seus parcos conhecimentos econômicos e de suas “soluções fáceis” para problemas complexos. É claro que está mais fácil para Bolsonaro ser eleito no segundo turno que seu adversário, Fernando Haddad (PT). Ainda assim, Bolsonaro terá de transpor obstáculos.

Proteger o que conquistou e entender que o segundo turno é uma outra eleição são as mais importantes. A iminência de ser o escolhido para comandar o país nos próximos quatro anos aumentará o escrutínio sobre suas posições e de seus aliados. É admirável que considerações sobre a recriação de impostos, críticas ao pagamento do 13º salário e o “branqueamento”da raça, propagada pelo seu candidato a vice-presidente, o general Hamílton Mourão, não tenham impedido Bolsonaro de decolar na corrida eleitoral no primeiro turno. Mas o fato de não ter acontecido no primeiro turno não quer dizer que não acontecerá no segundo. Bolsonaro terá de exercer forte vigilância sobre o que pensam e falam pessoas de seu entorno. Além disso, a empolgação com a reta final do primeiro turno não poderá cegar sua campanha.

O candidato petista precisa encarar um outro problema: a falta de empolgação com sua candidatura. A entrevista coletiva concedida após a divulgação dos resultados demonstrou claramente o alívio de Haddad em não ter sido eliminado precocemente. Ali ele tirava um peso gigantesco do ombro. Se tivesse perdido teria de responder por um bom tempo: como alguém apoiado pelo ex-presidente Lula não chega ao segundo turno? Pois bem, o que o levou para o segundo turno (apoio de Lula) poderá ser entrave para ele ampliar seus horizontes. Haddad terá de ser menos lulista. Se conseguir, diminuirá a rejeição a sua candidatura. Se a rejeição a sua candidatura for menor que a Bolsonaro, suas chances aumentam, ainda que não seja garantia de vitória.

Haddad também terá de convencer Ciro Gomes (PDT) a apoiá-lo de corpo e alma. Para Haddad avançar, Ciro terá de se empenhar para convencer seus eleitores a votar no petista. A tarefa não é tão fácil quanto parece. Sabe por quê? Muitos que votaram em Ciro não querem o PT no Planalto. A chance de esse eleitor anular ou deixar de comparecer no segundo turno é grande. Ainda há aqueles eleitores de Ciro dispostos a votar em Bolsonaro. Além disso, nunca é demais lembrar, Lula e a cúpula petista desprezaram o pedetista. Abriram mão de uma dobradinha com ele para garantir o protagonismo do partido nas eleições. Os petistas precisarão ser humildes com o pedetista, como jamais foram.

Em suma, parece que Bolsonaro enfrentará uma maratona numa cidade plana, à beira do mar. Haddad, por sua vez, terá de enfrentar a tal maratona na altitude e num dia extremamente chuvoso.

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