Quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de janeiro de 2025
A briga entre o senador Marcos Pontes (PL-SP) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por causa da eleição para a presidência do Senado também tem capítulos nos bastidores. Assessor de Pontes, Rodrigo Simon declarou que há uma distância entre o que o Bolsonaro prega e como ele de fato age em momentos decisivos.
Simon enviou uma mensagem, à qual a Coluna do Estadão teve acesso, em uma lista de transmissão no WhatsApp com críticas a Bolsonaro pelo apoio a Davi Alcolumbre (União-AL) para o comando da Casa.
“Infelizmente a direita não sabe trabalhar unida. Uma pena! Bolsonaro vai lá na Av. Paulista faz discurso inflamado e a abertura do impeachment… mas na hora de agir realmente e apoiar quem é do seu partido e que está disposto a fazer a mudança (sen. Astronauta Marcos Pontes)… Não, prefere apoiar o sistema (Sen. Alcolumbre). Muito triste!”, escreveu o assessor na segunda-feira (20).
Procurado, Rodrigo Simon disse que a mensagem é sua visão pessoal sobre o caso e não reflete a opinião de Marcos Pontes. Ele também ressaltou que é eleitor de Bolsonaro.
Pontes, por sua vez, disse que é amigo do ex-presidente, mas que sua candidatura está mantida. Ele afirmou ainda que conversou com Alcolumbre antes de se colocar como candidato. O senador amapaense teria indicado que manterá os acordos firmados com o PL.
“A minha candidatura não atrapalha nem um pouco. Na verdade, ajuda. Porque o acordo do Alcolumbre com o PL é mantido. E se eu ganhar, o PL tem a Presidência do Senado e isso vai ser bom para o Bolsonaro, para a anistia e para as pautas que a gente defende”, disse Marcos Pontes.
Bolsonaro criticou na segunda-feira, 20, a candidatura do aliado para o comando do Senado. De acordo com o ex-presidente, Pontes não tem chances de ganhar e um eventual apoio dele faria o PL perder o comando de comissões importantes na Casa.
Bolsonaro classificou a decisão do senador Marcos Pontes (PL-SP) de se candidatar à presidência do Senado como “lamentável”. Em entrevista ao canal AuriVerde Brasil no YouTube, o ex-chefe do Executivo citou seu ex-ministro da Ciência e Tecnologia ao falar sobre “ter disciplina” e “honrar a palavra dada”.
Marcos Pontes lançou sua pré-candidatura à presidência do Senado no final de outubro, sem aval do partido de ambos, o PL. Poucos dias antes, Bolsonaro já havia declarado apoio à candidatura de Davi Alcolumbre (União-AP) à sucessão de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na Casa. Para o ex-presidente, o senador está pensando somente nele mesmo, mas desejou “boa sorte” ao correligionário.
“Eu elegi você em São Paulo. Deixei de lado lá, entre eles, o meu amigo Marco Feliciano, com uma dor no coração enorme. Mas deixei de lado o Marco Feliciano para te apoiar [à eleição de senador]. Esse é o pagamento?”, questionou Bolsonaro. Entre os motivos que o ex-presidente elenca para julgar a candidatura de Marcos Pontes um erro, é a falta de representatividade e força na Casa.
“A única forma de nós sermos algo dentro do Senado e não sermos zumbis como somos hoje é tendo um candidato. Se não conseguimos ganhar o Rogério Marinho, que é um baita articulador, não vai ser com você agora”, disse Bolsonaro.
Indiciado por tentativa de golpe de Estado em 2022, o ex-presidente ainda fez um apelo ao aliado falando que “o clima mudou” e que, do jeito que está a correlação de forças na Casa, o projeto de anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de Janeiro – do qual pode se beneficiar – tem “força zero” no Senado. (Estadão Conteúdo)