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Ataque em Brasília: a Polícia Federal e o Supremo devem ficar responsáveis pela apuração dos fatos

Investigação mira eventuais conexões de explosões com os atos golpistas do 8 de Janeiro e apoio financeiro e logístico a catarinense. (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

A Polícia Federal (PF) suspeita que o ataque na Praça dos Três Poderes, na noite de quarta-feira (13), possa ter sido um ato de terrorismo e apura se há elo entre a ação de Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, e grupos radicais com o objetivo de atentar contra o Estado democrático de Direito, além dos atos do 8 de Janeiro de 2023. Um dos focos da investigação agora é esclarecer se houve auxílio financeiro ou logístico de terceiros ao homem que morreu após o artefato que carregava explodir. As equipes se concentram em Brasília e em Santa Catarina, Estado de origem de Francisco.

A hipótese de ato de terrorismo foi levantada pelo diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues. Ele enfatizou que há “grupos extremistas ativos” e defendeu que as explosões recentes não são um “fato isolado”. O chefe da corporação também sinalizou que há “indícios” de planejamento de longo prazo do autor dos ataques e preocupação com novas ações, ao relatar que ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF) foram recebidas um dia depois do episódio.

“Esses grupos extremistas estão ativos e precisam que nós atuemos de maneira enérgica”, afirmou Rodrigues. “Entendemos que o episódio não é um fato isolado e que está conectado com fatos recentes que a Polícia Federal tem investigado. Estamos tratando esse caso sob duas vertentes: atos terroristas e atentado ao Estado democrático de Direito.”

O diretor da PF também fez ressalvas quanto ao uso da expressão “lobo solitário” para classificar o episódio, embora a ação na Praça dos Três Poderes tenha sido individual. Na avaliação de Rodrigues, “nunca há só uma pessoa”, mas sempre “um grupo, ou ideia de um grupo”, com extremismos e radicalismos que levam a crimes.

A Polícia Federal e o Supremo devem ficar responsáveis pelas apurações, a cargo, inicialmente, da Polícia Civil do Distrito Federal. A PF abriu um inquérito para apurar o caso, sob a justificativa de que o ataque ocorreu em órgão público federal e, em razão da hipótese de atentado ao Estado democrático de Direito, o encaminhou à Suprema Corte.

Atuação planejada

A investigação é conduzida pela Diretoria de Inteligência Policial (DIP), setor comandado pelo delegado Rodrigo Morais, que foi o responsável por investigar a facada sofrida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018. O DIP também concentra as investigações contra o ex-presidente que tramitam no Supremo sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, como a que trata da trama golpista, as fraudes no cartão de vacinação, os desvios de itens do acervo presidencial e o aparelhamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Para o diretor-geral da corporação, os elementos colhidos até o momento na investigação sobre as explosões na Praça dos Três Poderes indicam que a ação foi pensada ao longo de meses. Francisco Wanderley Luiz já estava em Brasília desde julho em uma casa alugada na Ceilândia, e fez viagens à capital federal ao longo do ano passado, inclusive no período dos atos golpistas de 8 de janeiro, quando ocorreu a invasão aos prédios dos três Poderes, segundo Rodrigues.

“É cedo para dizer se houve participação direta ou não nos atos do 8 de Janeiro. Essa pessoa estava aqui no início de 2023. Há uma mensagem escrita no espelho da residência (na Ceilândia) fazendo menção a um ato de pichação que foi feito na estátua da Justiça (durante os atos do 8 de Janeiro)”, acrescentou o diretor da PF.

O corpo de Francisco só foi retirado do local às 9h da manhã de quinta-feira, cerca de 13 horas após as explosões na Praça dos Três Poderes. Segundo o porta-voz da Polícia Militar do Distrito Federal, major Raphael Brooke, uma varredura na praça foi concluída às 7h. Em seguida, a Polícia Federal realizou uma perícia na área.

“Nós priorizamos a Praça dos Três Poderes, onde se encontrava o corpo e precisava realizar a liberação da área para que a perícia pudesse se aproximar. Porque a perícia não poderia se aproximar com possibilidade de artefatos”, explicou Brooke.

O esquadrão antibomba também fez uma varredura no estacionamento de um dos anexos da Câmara, onde estava o carro usado no ataque. Ao todo, a Polícia Militar do Distrito Federal desativou oito artefatos explosivos nas imediações da praça. Dois estavam junto a Francisco e outro estava ao lado dele. Parte dos explosivos estava ainda no estacionamento.

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