Domingo, 27 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 15 de dezembro de 2015
No Brasil, até o início do século 19, o estudante que quisesse ser doutor precisava atravessar o Oceano Atlântico para chegar a uma universidade. A Europa era o destino mais próximo para jovens de famílias abastadas, que decidiam por uma educação diferenciada. Conquistar o título de doutor era privilégio para poucos. Por determinação de Portugal, não era permitida a abertura de faculdades.
Em 1808, o príncipe regente D. João VI, por influência do médico pernambucano Correia Picanço, mudou a lei e inaugurou a primeira escola superior do País, a Escola de Cirurgia da Bahia – a atual Escola de Medicina da Bahia da Universidade Federal do Estado.
Mais de um século depois, chegou a vez de a capital paulista ter sua primeira faculdade médica, a Academia de Medicina e Farmácia, rebatizada de Faculdade de Medicina e Cirurgia – que bem mais tarde foi incorporada à Universidade de São Paulo.
A distância.
Hoje, o brasileiro nem precisa sair de casa para fazer uma faculdade. O chamado EAD (ensino a distância) cresce cada vez mais no País. Em 2014, já eram oferecidos 25.166 cursos no Brasil, de acordo com o último censo realizado pela ABED (Associação Brasileira de Educação a Distância), divulgado neste ano. No período analisado, somaram quase 4 milhões o número de matrículas em cursos públicos e particulares. A expectativa é de crescimento. Em 2009, data da realização do primeiro levantamento, 528.320 inscritos participaram do aprendizado não presencial.
“Deve ser mais de 6 milhões de pessoas fazendo cursos a distância, desde técnicos, como aprender a usar o Excel, até gastronomia. São cerca de 1 milhão e meio de alunos matriculados em faculdades a distância”, afirma Carlos Longo, diretor da ABED.
Vantagens.
Comodidade, flexibilidade de horários, economia de tempo e também o custo são algumas das vantagens que tornam o EAD atraente. O preço da mensalidade média é bem menor que o presencial: um bacharelado está na faixa dos 300 reais e o curso de licenciatura na faixa dos 200 reais. Isso representa um terço ou um quarto do valor médio de uma faculdade presencial. A maior exigência é que o aluno tenha autodisciplina para acompanhar as aulas e fazer os trabalhos, porque não existe um professor cobrando tarefas, apenas datas para que as entregas sejam postadas na plataforma de estudo virtual.
O EAD já foi considerado de menor qualidade, uma alternativa para aqueles que não tinham acesso ao ensino formal ou que optavam por formações mais técnicas, como corte e costura, taquigrafia e conserto de rádios. Nesse tipo de curso, o aluno recebia o material solicitado em sua casa, pelo correio, com conteúdos e exercícios a respeito do tema.
Nos anos 1970 surgiram outros tipos de materiais de apoio, como fita cassete. Anos depois, os brasileiros que não tinham completado o ensino médio ganhavam a opção de estudar pela televisão, por meio do Telecurso 2 Grau, um sistema educacional nacional a distância, fruto de uma parceria entre a Fundação Padre Anchieta e a Rede Globo. Desde o ano passado, a Rede Globo suspendeu a transmissão do programa, que migrou para a internet, um meio que vem se mostrando mais adequado, uma vez que permite muita interatividade, como fóruns de discussões, vídeos e até mesmo aulas presenciais. (AE)