Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 23 de novembro de 2023
Dados de estudos realizados nos Estados Unidos indicam que cerca de 35% das mulheres em idade reprodutiva (com menos de 50 anos) possuem déficit de ferro no organismo. No Brasil, a estimativa é ainda maior: segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), calcula-se que entre 40% e 50% das mulheres jovens sofram com alguma deficiência de ferro, muitas vezes não identificada porque a dosagem desse nutriente não costuma fazer parte dos exames rotineiros.
Essa é a principal causa de anemia, a deficiência nutricional mais prevalente no mundo, afetando 33% das mulheres não grávidas, 40% das mulheres grávidas e 42% das crianças em todo o mundo, diz a OMS.
O principal fator que leva à deficiência de ferro na mulher é o ciclo menstrual intenso, com muita perda de sangue – a eliminação de coágulos pode ser uma maneira de identificar a quantidade do fluxo.
“Muitas vezes a mulher não consegue recuperar esse ferro perdido no intervalo de uma menstruação para outra. Além disso, há casos de deficiência de ferro causada por alimentação inadequada com dietas muito restritivas (pouca carne e pouco alimento rico em ferro)”, disse Ana Paula Beck, ginecologista e obstetra do Departamento Materno Infantil do Hospital Israelita Albert Einstein. Outra situação que também leva ao problema é a cirurgia bariátrica desabsortiva, que altera o trânsito intestinal e, consequentemente, reduz a absorção de nutrientes.
Em 2020, ainda segundo a OMS, havia 614 milhões de mulheres e 280 milhões de crianças em todo o mundo com anemia. Os homens também podem sofrer com a deficiência de ferro. A principal causa da anemia neles é a perda de sangue no tubo digestivo, que precisa ser investigada. Outras causas são desabsorção intestinal ou doenças crônicas. No caso dos homens, porém, a anemia não é tão frequente, pois não há perda mensal de ferro como ocorre com as mulheres na menstruação.
Hoje, os níveis considerados saudáveis de ferro e ferritina no sangue em mulheres são acima de 50 mcg/dl e 15 mcg/l, respectivamente. Existe uma discussão em torno do aumento desses níveis para o sexo feminino, visando a reduzir o risco de anemia e melhorar as funções dessas substâncias no organismo, mas ainda não há um consenso definitivo.
O ferro é usado para produzir hemoglobina, proteína dos glóbulos vermelhos que leva oxigênio dos pulmões ao resto do corpo. Também é fundamental para outras funções, como a síntese de DNA e o metabolismo energético. Os sintomas da deficiência de ferro incluem falta de ar, cansaço, confusão mental, queda de cabelo, enfraquecimento das unhas, tontura, alta sensibilidade ao frio e até palpitações cardíacas.
A principal consequência é a anemia, que, se não for identificada e tratada, pode progredir para um quadro grave, com insuficiência cardíaca e alterações no metabolismo celular e na produção de energia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.