Sexta-feira, 15 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 15 de novembro de 2024
Tão logo foi confirmado o atentado com uma morte em Brasília (DF), na última quarta-feira (13), servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) comentaram entre si que deveriam se preparar para cobranças públicas sobre falhas do serviço. Entretanto, para a surpresa de muitos, o órgão nem sequer foi lembrado no primeiro momento.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve reunião com o diretor da Polícia Federal (PF) e ministros do STF. A Abin não foi chamada. Três horas após a explosão, a agência emitiu nota interna com resumo do que havia saído na imprensa e alertando para o risco de novas explosões. O texto, segundo agentes da Abin, só serviu para causar constrangimento. Mas o problema foi maior. Também abriu novo mal-estar com a PF, ao concluir haver indícios de ser fato isolado.
Precipitado
Ao dizer que, por ora, não havia indícios de que Tiü França agiu com outras pessoas, a Abin provocou desconfiança no andar de cima da Polícia Federal. O diretor-geral da PF, Andrei Passos, por exemplo, avalia que o caso não é isolado, mas conectado com outras investigações.
Vexame
A diretoria da União dos Profissionais de Inteligência de Estado da Abin (Intelis) diz que o episódio expõe a “morte por hipotermia” da agência. O órgão não consegue se antecipar aos fatos por estar sucateado, com o menor orçamento em 14 anos e vacância de 80% dos quadros. “Vão deixar esfriar até morrer de vez”, lamenta a cúpula.
Berlinda
A insatisfação com a falta de protagonismo da Abin, junto ao desconforto com a PF, abre um processo de fritura do diretor-geral da agência, Luiz Fernando Correa.
Política
O PSDB divulgou nota lamentando o atentado. No texto, culpou o PT pelo radicalismo no País. “Quando o PT falava em exterminar seus adversários, em bater neles nas urnas e nas ruas, estava plantando as sementes do extremismo do outro lado.” A assessoria da presidente do PT não respondeu.
Símbolos
Francisco Wanderley Luiz, que explodiu bombas e morreu na Praça dos Três Poderes, vestia um paletó verde com símbolos de naipes do baralho.
Prioridades
Após a explosão, a sessão da Câmara só foi suspensa depois de pedidos verbais de 13 deputados. Isso porque três parlamentares do PL insistiam em votar a proposta de emenda à Constituição (PEC) que amplia a isenção fiscal das igrejas. Marcos Pollon (MS) chegou a chamar de “demoníacos” os que pediam o encerramento, segundo ele, por tentarem atrasar a votação da proposta a favor dos templos. Sóstenes Cavalcante presidia a sessão.